PLENO PODER
Movimento de Romero Rodrigues parece, mas não é igual ao de 2022
Ex-prefeito Romero Rodrigues participou de evento do Republicanos hoje
Publicado em 10/07/2023 às 21:28 | Atualizado em 10/07/2023 às 21:39
O movimento materializado hoje pelo ex-prefeito de Campina Grande e deputado federal, Romero Rodrigues (Podemos), ao participar do evento do partido Republicanos, incendeia a política na Rainha da Borborema e, por conseguinte, na Paraíba. Não apenas por ser ele a liderança hoje de maior expressão popular na segunda maior cidade do Estado, mas por todo o contexto e atores envolvidos.
Há quem defenda que a aproximação de Rodrigues da legenda seja parecida com a que ele também promoveu, mesmo que indiretamente, ano passado, junto ao governador João Azevêdo (PSB).
Naquela época Romero era cotado para ser vice de João, mas acabou optando por disputar a Câmara Federal e manteve-se no grupo do qual ele sempre fez parte - o Cunha Lima.
E de fato, há semelhanças. Como fez em 2022, Romero não é conclusivo quanto à possibilidade de disputar a prefeitura de Campina ano que vem. Nem quanto à filiação ao Republicanos. Mantém a porta aberta, mas sem avançar o sinal.
No entanto, existem diferenças. E elas estão, sobretudo, nos bastidores. Naquilo que não é dito publicamente. Nem pelo próprio Romero, nem por outros agentes públicos afetados diretamente com o movimento.
E explico.
Em 2022 a expectativa de aliança com João Azevêdo era puramente pragmática. Não havia um desentendimento interno entre Romero e o seu grupo, por exemplo; a não ser a disparidade de teses defendidas naquele momento. Enquanto o ex-prefeito dava sinais de trabalhar pela aproximação, o demais caciques do agrupamento defendiam uma candidatura própria. Diante da divergência, Romero decidiu seguir a segunda tese.
Agora não. Há, inegavelmente, um desconforto do ex-prefeito com a gestão Bruno Cunha Lima (PSD). Nenhum dos dois admite publicamente, mas até os pombos da Praça da Bandeira já ouviram aliados de um e de outro relatando as queixas.
Em política, assim como em várias situações da vida, as palavras são desnecessárias. Não é preciso que sejam ditas.
Diferentemente do ano passado, há uma bifurcação de caminhos a serem projetados. Caso Bruno seja reeleito prefeito de Campina em 2024 muito provavelmente tentará fazer novos voos em 2026. E no meio do caminho poderá encontrar o projeto de Romero também voltado para o mesmo objetivo.
Torna-se, assim, uma questão de sobrevivência política dos dois atores - que pensam em ser majoritários a nível estadual, a partir da base de Campina Grande.
E, por fim, um componente visual.
Ano passado, apesar de deixar a porta aberta, Rodrigues jamais foi visto em eventos públicos de partidos e aliados da base de João Azevêdo. Hoje essa barreira foi esquecida. Romero chegou ao evento junto da cúpula do Republicanos. De azul, mesma cor dos demais, fez o 10 da legenda com as mãos...
Faltou somente assinar a ficha de filiação. Mas a decisão por manter-se no Podemos é tema que pode render um outro post.
Por fim, um aviso. Embora com sinais mais objetivos para um possível rompimento com o grupo Cunha Lima, é prematuro cravar que esse será o desfecho. Definição sobre candidatura mesmo ficará para 2024. De preferência, e estrategicamente, no fim do prazo estabelecido pela legislação.
A depender do humor dos ventos e das nuvens, tudo muda.
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