No último fim de semana do São João de Campina, classe política vai descer do camarote?

Era junho de 2018. Estava no Parque do Povo quando percebi vindo em minha direção um sujeito alto, 'escoltado' por alguns apoiadores. Andava ligeiro e passou cumprimentando, a uns 20 metros de onde eu estava, policiais militares que estavam de serviço naquele dia de festa. Olhei com mais atenção e vi que tratava-se do então deputado federal Jair Bolsonaro (PL).

Naquela época já sonhando em ser presidente da República, Bolsonaro andava sem muita dificuldade na multidão que assistia aos shows.

Meses depois foi eleito presidente da República.

Em junho de 2022, em plena campanha pela reeleição, presenciei o mesmo Bolsonaro (naquele momento presidente) arrastando uma centena de apoiadores no Parque do Povo. Passeou da pirâmide até a parte de baixo do Parque.

Goste ou não do ex-presidente, é preciso reconhecer. Ele mantém uma característica: gosta de ir para o meio das pessoas. É próprio dos populistas, é verdade. Mas é algo raro no Brasil dos gabinetes.

Característica, aliás, bem diferente da maior parte da classe política paraibana, que prefere o distanciamento da população (exceto em anos eleitorais). Na edição deste ano do Maior São João do Mundo, mais uma vez essa constatação ficou patente: sobram fotos nos camarotes, mas falta coragem para descer do local das estrelas e caminhar na parte disponibilizada para o 'povão'.

Deputados, senadores, prefeitos... não vi registro de ninguém caminhando e cumprimentando as pessoas no solo do Parque do Povo.

É medo da recepção. Ou talvez puro 'estrelismo', ou aversão às pessoas 'comuns'.

Nesse último fim de semana da festa, cabe uma pergunta: alguém terá coragem de descer do camarote?