PLENO PODER
O parecer da PGR no caso Padre Zé e as interrogações sobre agentes públicos no esquema
Publicado em 20/03/2024 às 12:21
A Procuradoria Geral da República (PGR) opinou pela manutenção da prisão preventiva do padre Egídio de Carvalho Neto. O documento é assinado pelo subprocurador-geral da República, José Adonis Callou de Araújo Sá. O religioso está preso preventivamente desde novembro do ano passado no âmbito da Operação Indignus, que apura desvios milionários.
No parecer a PGR refuta as alegações apresentadas pela defesa e lembra outras decisões que mantiveram a prisão.
Para além desse debate, é necessário fazer algumas reflexões sobre o tema. A primeira é de que não é comum que seja mantida, por tanto tempo, uma prisão preventiva por investigações de crimes não violentos - como é o caso das práticas apuradas no caso Padre Zé. A regra no Brasil é que a prisão é exceção.
Contudo, dois fatores contribuem para o prolongamento da medida: a repercussão do caso, cujas descobertas ganharam dimensão nacional e são utilizadas para justificar a preservação da ordem pública; e o longo caminho ainda a ser percorrido pelos investigadores, que pressupõe a necessidade de assegurar a instrução processual.
Até agora duas denúncias foram apresentadas à Justiça, tendo como alvos ex-diretores e um empresários com contratos com a instituição. As interrogações, contudo, ainda persistem sobre o surgimento de agentes públicos envolvidos no esquema.
Afinal, é fácil concluir que os R$ 140 milhões supostamente desviados não teriam esse destino sem a participação, ou pelo menos a omissão, de integrantes do poder público - sejam eles ligados às gestões ou aos parlamentos, já que o Padre Zé recebeu generosas Emendas.
O parecer da PGR precisa ser observado dentro desse contexto.
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