PLENO PODER
Policiais de Sergipe viram réus acusados de envolvimento na morte de jovem em operação policial no Sertão da PB
Pedido de prisão preventiva foi indeferido.
Publicado em 21/04/2021 às 10:48 | Atualizado em 30/08/2021 às 19:55
A Justiça da Paraíba aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público que aponta para o envolvimento de três policiais de Sergipe na morte de um jovem durante uma operação policial realizada em Santa Luzia, no Sertão da Paraíba. Por isso, o trio se tornou réu no processo que avalia o caso.
O Ministério Público indica pelo menos dois crimes cometidos pelos acusados, que são o de homicídio qualificado e fraude processual.
Foram denunciados:
- Gilvan Morais de Oliveira – Policial Militar
- José Alonso de Santana – Agente de investigação da Polícia Civil
- Osvaldo Resende Neto – Delegado de Polícia Civil
A denúncia do MP relembra que de acordo com as investigações, Geffeson de Moura Gomes foi morto no dia 16 de março deste ano, sem chances de defesa. A vítima que ia visitar a família em Cajazeiras teria sido confundida com um homem, que seria alvo da ação policial.
“Neste ponto cabe frisar que, de acordo com os depoimentos colhidos, a operação policial coordenada pelos denunciados, se apresentou desprovida de qualquer formalidade voltada ao exercício regular da polícia investigativa, porquanto, só fora comunicada à polícia paraibana poucas horas antes do seu intento, carecendo de informações básicas. Além disso, resolveu-se instalar uma barreira policial, à noite, no meio de uma rodovia federal, com uma viatura descaracterizada e apenas três policiais para abordar os veículos que trafegavam pelo local”, diz a denúncia”.
Para o órgão ministerial, as circunstâncias em que o homicídio aconteceu indicam que os denunciados tinham a intenção de matar o alvo da operação. Mas não de prendê-lo.
Contudo, o juiz Rossini Amorim Bastos, que aceitou a denúncia, indeferiu o pedido de prisão preventiva dos policias.
“Não há elementos idôneos que demonstrem que, soltos, os réus comprometam o resultado útil do processo”, disse na decisão.
Ainda no documento, o juiz pede que os alvarás de soltura dos três sejam expedidos de forma imediata.
Jovem foi morto sem chance de defesa em operação de Sergipe e local do crime foi adulterado
Um laudo produzido pela Polícia Civil da Paraíba aponta que o local em que Geffeson morreu foi adulterado pelos policiais que participaram da ação.
“Outro ponto importantíssimo do meu laudo foi constatar a adulteração do local. Primeiramente, esse veículo deveria ter sido vistoriado no local onde ocorreu o fato”, revelou o perito da Polícia Civil da Paraíba, Adriano Medeiros, que realizou a perícia no veículo da vítima.
Segundo o laudo pericial, as manchas de sangue, no formato de poças que estavam dentro do carro, indicam que Geffeson não foi socorrido imediatamente.
“Um porta objetos ficou completamente cheio de sangue, o que dá a atender que a vítima passou um bom tempo lá [dentro do automóvel]", prosseguiu Adriano.
Já o delegado Glauber Fontes, informou que o caso é tratado, até o momento, como uma execução.
“O jovem não teve a menor possibilidade de defesa. Levou oito disparos, praticamente à queima roupa, sem saber o que estava acontecendo”, relatou.
Por Iara Alves
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