Saúde de Campina tenta agradar a 'dois senhores' e abre exceção para eventos com 300 pessoas

Há uma passagem bíblica que diz que "ninguém pode servir a dois senhores". O trecho está no Evangelho de Mateus e é, muito frequentemente, utilizado para retratar situações do cotidiano e, também, na política. Pois bem. A expressão poderia ser usada para descrever as últimas medidas tomadas, em Campina Grande, pela Saúde municipal no que se refere à realização de eventos durante a pandemia.

Meses atrás a prefeitura, através de decreto, autorizou a realização de eventos (casamentos, formaturas, congressos) com até 300 pessoas na cidade, desde que os organizadores adotassem medidas preventivas de combate ao coronavírus.

No fim do mês passado, diante de um novo avanço da doença, o Ministério Público recomendou que o decreto fosse revogado, retirando a possibilidade de realização dos eventos.

Dias depois, o poder público municipal resolveu seguir a recomendação e revogou parte da legislação, fazendo com que o limite máximo de participantes voltasse a ser de 100 pessoas. O novo decreto, o 4.529, foi publicado no último dia 06 deste mês.

Mas ontem, três dias depois, a Secretaria de Saúde do município reuniu representantes do setor de eventos e anunciou a abertura de uma exceção. Para shows, o limite continuaria 100 participantes. Para casamentos e formaturas, por exemplo, seria de 300 pessoas.

A modificação, que sequer foi materializada em um novo decreto, provoca no mínimo uma confusão danada e carece de uma explicação lógica e científica. Afinal, como explicar a revogação de um artigo em um dia e a 'revogação da revogação' três dias depois?

Diante do dilema entre seguir a recomendação dos MPs ou atender às pressões de um segmento que tem sido penalizado com a pandemia, a Saúde pública municipal parece estar tentando agradar a 'dois senhores'. Conforme a bíblia, aliás, essa é uma tarefa difícil de ser exercitada.