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POLÍTICA

Presidenciável do PPL quer Lula e Bolsonaro fora da disputa

João Vicente Goulart esteve em João Pessoa nesta segunda para proferir palestra.

Publicado em 19/03/2018 às 14:56 | Atualizado em 19/03/2018 às 19:21


                                        
                                            Presidenciável do PPL quer Lula e Bolsonaro fora da disputa

O pré-candidato à Presidência da República pelo PPL, João Vicente Goulart, criticou as pretensões do ex-presidente Lula (PT) e do deputado Jair Bolsonaro (PSL) de entrar na disputar. Ele foi o primeiro presidenciável a participar do 'Ciclo de Debates com os Presidenciáveis 2018’, realizado na manhã desta segunda-feira (19), pela Câmara Municipal de João Pessoa. Com o tema ‘O Momento Político, Gestão Pública e as Perspectivas para o Brasil’, João Vicente apresentou suas propostas para o país e aproveitou para criticar os possíveis concorrentes à disputa.

Filho do ex-presidente João Goulart, o Jango, deposto pelo golpe civil-militar de 1º de abril de 1964, João Vicente classificou o pré-candidato Jair Bolsonaro como representante da direita fascista e nazista, por ter uma pauta ultraconservadora, sobretudo com relação a temas polêmicos como porte de arma, contra o aborto e direitos dos gays. "Mas a democracia é o avanço com as diferenças", ponderou.

Embora tenha alinhamento ideológico com o ex-presidente Lula, João Vicente Goulart defende que o petista desista da disputa, caso esteja elegível no período dos registros das candidaturas. “Ele deveria ter um gesto de estadista. Ele não pode levar a candidatura dele pendura em liminares até o final e criar um constrangimento muito grande. Imagine ele eleito no primeiro turno, o Tribunal anula a votação e dá a vitória para o segundo colocado. Como fica o Brasil? Que democracia é essa?”, questionou.

Pauta Nacionalista

Filho de João Goulart, o Jango, deposto pelo Golpe de 1964, o pré-candidato do PPL disse que suas propostas tem como foco a proteção do tesouro nacional e defesa do nacionalismo. “E quando eu digo nacionalismo brasileiro, a gente fala nas propostas de devolver ao povo brasileiro a sua soberania através da recuperação de seus ativos econômicos”, ressaltou.

João Vicente Goulart, de 60 anos, viveu no exílio no Uruguai com seu pai quando era criança. Hoje filiado ao Partido Pátria Livre (PPL), ele já foi deputado estadual no Rio Grande do Sul. Seu pai era gaúcho de São Borja (RS) e morreu na Argentina, em 1976. Até hoje a família suspeita que Jango foi envenenado.

Em 2017, o filho de Jango trocou o Partido Democrático Brasileiro (PDT) pelo PPL, depois que não recebeu apoio dos colegas da antiga sigla para barrar o cancelamento da construção do memorial ao seu pai no Distrito Federal (DF), onde vive. O memorial tem projeto de Oscar Niemeyer e foi cancelado pelo governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB).

Movimento Revolucionário

O PPL tem origem no antigo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), um grupo que defendeu a guerrilha e a luta armada logo após a instauração da ditadura. A partir dos anos de 1980, o MR-8 abandonou definitivamente a defesa da luta armada no contexto da redemocratização do Brasil e seus líderes filiaram-se ao MDB. Com o fim do bipartidarismo, a decisão de sua direção continuar militando nas fileiras do PMDB não causou surpresa, já que suas lideranças ocupavam cargos e setores estratégicos no partido. Atualmente, o presidente nacional da legenda é o ex-guerrilheiro Sérgio Rubens.

Formado em Filosofia, João Vicente dedica a vida à memória do pai. Ele preside o Instituto Jango, escreveu um livro sobre a vida no exílio do ex-presidente – que foi finalista do Prêmio Jabuti – e capta recursos para transformar em filme essa história. Com a experiência de apenas um mandato eleitoral – foi deputado estadual pelo PDT em 1982, no Rio Grande do Sul –, João Vicente também associa à imagem do pai a sua plataforma de governo e quer relançar as famosas “reformas de base” de Jango.

São mudanças que dariam ênfase, entre muitos pontos, à reforma agrária, maior participação do estado na economia, respeito aos direitos trabalhistas e controle sobre as multinacionais. Mais de 50 anos depois, ele ainda fala em rigor na remessa de lucros das empresas estrangeiras no país. E o discurso nacional-desenvolvimentista prevalece.

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Angélica Nunes

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