POLÍTICA
Quer dizer que vamos sair sem máscaras por aí? O que resta de democracia no Brasil precisa calar Bolsonaro
Publicado em 11/06/2021 às 7:56 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:51
"O presidente é louco, e o Brasil não é um hospício".
Essa frase, ouvi na Globo, em 1992.
Era o grande Dr. Ulysses Guimarães falando de Fernando Collor a caminho de ser defenestrado da presidência.
Lembrei da frase nesta quinta-feira (10).
Vi/ouvi, incrédulo, o presidente Jair Bolsonaro defender que os imunizados (sou um deles) e os que já foram infectados pelo coronavírus não usem máscaras.
E mais: anunciar que o ministro da Saúde está preparando um documento para fazer a liberação.
Em tom de brincadeira, mas que, no fundo, não é brincadeira, o presidente ainda tratou Marcelo Queiroga como "um tal Queiroga".
O número de imunizados no Brasil ainda é muito pequeno. É preciso vacinar muito mais - Marcelo Queiroga sabe disso bem mais do que eu e você - para que tenhamos uma certa segurança.
O presidente eleito por quase 58 milhões de brasileiros joga aberta e ostensivamente contra a ciência, contra as orientações dos infectologistas, e nós acompanhamos cotidianamente esse show de perversidade.
Foi o que vimos nessa fala de Bolsonaro.
E Marcelo Queiroga, respeitado como bom cardiologista que é, se submete a esse tipo de humilhação.
Sim. Porque é isso que o presidente Bolsonaro faz com seus subordinados. Ele adora desautorizá-los em público.
Fez com tantos outros.
Fez agora com Marcelo Queiroga.
Eu, que tomei as duas doses da vacina, e você, que sobreviveu à Covid-19, fazemos o quê?
Saímos por aí, leves, soltos e desmascarados?
Marcelo Queiroga, que é muito pequeno no meio desse jogo, devia voltar pra casa.
E o que resta da democracia brasileira devia calar Bolsonaro.
Atualizada, talvez a frase do Dr. Ulysses ficasse assim:
"O presidente é louco, e o Brasil virou um hospício".
Comentários