POLÍTICA
Radialistas registram boletim de ocorrência após pré-candidato invadir estúdio em Guarabira
Célio Alves, que também registrou BO, tinha sido citado em matéria 10min antes e queria dar versão dos fatos. Associação da Emissoras de Radiodifusão condena invasão.
Publicado em 13/07/2022 às 19:57 | Atualizado em 23/06/2023 às 12:50
Um programa de rádio foi interrompido na manhã desta quarta-feira (13) em Guarabira depois que o radialista Célio Alves adentrou ao estúdio exigindo que ele pudesse fazer uma declaração ao vivo. Os radialistas Levi Ramos, Cid Cordeiro, Zé Roberto e Humberto Santos estavam no ar abordando outras pautas e não permitiram a intervenção, alegando que havia uma entrevista pré-agendada para o mesmo horário e que Célio deveria aguardar. O caso, assim, terminou com bate-boca e ambos os lados registraram boletim de ocorrência sobre o caso.
A Associação da Emissoras de Radiodifusão da Paraíba (Asserp) emitiu nota em favor da rádio e condenando o ato de Célio.
Célio Alves também é radialista em Guarabira, mas o caso tem contornos políticos. Isso porque Célio é filiado ao PSB e é pré-candidato a deputado estadual, mas acusa a emissora de fazer campanha para a deputada estadual Camila Toscano (PSDB), que é pré-candidata à reeleição.
A invasão ao estúdio aconteceu por volta das 7h45. Apenas dez minutos antes, os radialistas da emissora tinham lido uma nota do PSDB Mulher contra Célio e em defesa de Camila. De acordo com a nota, Célio havia cometido o crime de "violência política" contra a parlamentar, ao proferir declarações que seriam preconceituosas e machistas. Ainda de acordo com a nota, o crime de "violência política contra a mulher" está tipificado na Lei Federal 14.192 de 2021 e prevê pena de um a quatro anos de prisão e multa.
O pré-candidato do PSB, pois, alega que foi à emissora de rádio na condição de cidadão, após ter sido citado em reportagem da emissora, mas foi impedido de fazer o contraditório e de apresentar a sua versão dos fatos. Ele disse que foi expulso da rádio aos empurrões e apresentou boletim de ocorrência contra o que chamou de violência.
A emissora de rádio, por sua vez, tem outra versão. Diz que teve o estúdio "invadido de forma truculenta e intimidatória". Destaca ainda que Célio falava alto, atrapalhando a continuação do programa e com "falas desabonadoras" contra os radialistas. Por fim, explica que precisou chamar escolta policial para tirar Célio Alves do estúdio e que por tudo isso o programa precisou ser encerrado antes do tempo.
A Asserp registrou por meio de nota que "repudia, com veemência, a invasão do estúdio e a tentativa de intimidação dos profissionais". Pondera ainda que "qualquer ato que tenha por objetivo constranger, dificultar ou impedir a cobertura jornalística de fatos de interesse público configura atentado à liberdade de expressão".
Procurada pela reportagem, a deputada estadual Camila Toscano disse que não vai se pronunciar, já que ela é envolvida nos fatos apenas de forma indireta. "Ele quer criar um fato comigo que não tem nada a ver. Para mim, essa guerra não interessa. Então prefiro seguir na minha pré-candidatura", resumiu.
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