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POLÍTICA

Raíssa rompe com Ricardo e José Lacerda entrega cargo

Em entrevista Raíssa Lacerda anunciou rompimento com Ricardo Coutinho e fez duras críticas ao governo do socialista.

Publicado em 13/02/2014 às 6:00 | Atualizado em 23/06/2023 às 12:24

A vereadora Raíssa Lacerda (PSD) anunciou ontem o seu rompimento com o governador Ricardo Coutinho (PSB). Em entrevista aos órgãos de imprensa de João Pessoa, ela fez duras críticas à gestão do socialista e afirmou que em breve a Paraíba voltará a sorrir, numa referência à provável candidatura de Cássio Cunha Lima ao governo do Estado.

“A notícia tão esperada em breve será dada”, afirmou. Mesmo não concordando com as críticas de Raíssa, o pai da vereadora, o ex-vice-governador José Lacerda Neto, decidiu entregar o cargo de secretário de Articulação Política do Estado.

Raíssa se disse decepcionada com o governador Ricardo Coutinho pela maneira como ele tem tratado os mais diversos segmentos da sociedade. “O governador não atende ninguém. Nem os secretários são atendidos, à exceção de Ricardo Barbosa, o único que consegue falar com ele”, disse a parlamentar.

Na entrevista, Raíssa Lacerda se mostrou desiludida com as promessas que não foram cumpridas e disse que não poderia continuar apoiando a gestão do governador.

“Eu acreditei tanto nesse governador. Ele prometia tanto tratar bem o servidor, era o governador que defendia as categorias e são essas mesmas categorias que estão me procurando para reclamar dele. Eu não vou aceitar promessas que não estão sendo cumpridas”, desabafou Raíssa, que garantiu não ter nenhum cargo indicado no governo estadual.

Raíssa esclareceu que o seu pai, o ex-vice-governador José Lacerda, não apoia o seu posicionamento político em relação ao governador Ricardo Coutinho e se depender dele a aliança com Cássio Cunha Lima será mantida. “A opinião do meu pai é totalmente diferente da minha. Ele torce para que a aliança seja mantida”. Segundo ela, José Lacerda foi procurado por Ricardo para falar com Cássio a fim de que a aliança fosse mantida.

Na tarde de ontem, José Lacerda entregou o cargo de secretário ao governador, em caráter irrevogável. “Tal iniciativa decorre da posição política externada por minha filha em programa radiofônico, fazendo com que eu tomasse a presente decisão, de modo que a minha história e a minha moral possam permanecer intactas e preservadas enquanto cidadão e homem público com mais de 50 anos de serviços prestados ao povo paraibano”.

Ainda na carta, Zé Lacerda agradeceu ao governador pela confiança depositada e disse que estará atento ao cenário político, “promovendo os passos e as articulações necessárias para que a Paraíba seja sempre palco de avanços e conquistas sociais”. O vice-governador Rômulo Gouveia, que preside o PSD no Estado, não foi localizado para falar dos acontecimentos.

MAL SÚBITO

O secretário de Comunicação do Estado, Luís Tôrres, disse que o comportamento de Raíssa Lacerda foi um "mal súbito". “O que realmente inspirou a vereadora Raíssa, depois de 3 anos e 1 mês de governo, a adotar uma postura dessa? Será que foi por causa de uma ou duas alterações em cargos comissionados lá em São José de Piranhas, de nomes que eram ligados a ela? Se a inspiração for essa, o governo não tem nada a dizer. Já está dito", frisou.

RUY AFIRMA QUE DECISÃO NÃO EXPRESSA A POSIÇÃO DO PSDB

Em nota, o presidente do Diretório Estadual do PSDB, deputado Ruy Carneiro, disse que a posição de Raíssa não representa o pensamento do partido. Segundo Ruy, algumas das críticas verbalizadas pela vereadora, da mesma forma que as supostas queixas que as motivaram, até podem ser endossadas pelo PSDB e outros partidos, mas o tom e o contexto são inadequados. "Para nós a crítica política tem limites claramente inexcedíveis – a família e os familiares são alguns deles".

Ruy fez questão de acentuar o apreço do partido tanto por Raíssa como por seu pai, o ex-vice-governador José Lacerda, "aliados históricos de correção a toda prova, cuja companhia política sempre pretendemos preservar", mas observou que na entrevista de Raíssa Lacerda há alguns "equívocos de avaliação". A aliança com o governador, em 2010, foi feita sobre uma carta de princípios e compromissos políticos em relação à Paraíba, "sem que se esperasse nada de pessoal, inclusive gratidão, embora esse seja um sentimento normal e até comum na maioria das pessoas".

O presidente do PSDB destacou que o partido tem seu próprio cronograma em relação ao processo sucessório e vai ouvir suas bases e lideranças antes de definir se mantém a aliança com o governador do Estado ou se apresenta candidato próprio ao governo. "Assim que tivermos uma posição definida, todos os nossos aliados históricos serão também consultados, inclusive o PSD, e os líderes José Lacerda e Raíssa Lacerda".

Qualquer que seja o cenário político, no entanto, Ruy Carneiro ressalta que o PSDB fará campanha "em alto nível", com os limites éticos que sempre observou. "Eventuais discordâncias políticas ou opções partidárias divergentes com o governo e com o governador não nos tornarão automaticamente inimigos, pois todos os partidos têm o direito legítimo de apresentar suas opções e candidaturas ao povo paraibano. Para se apresentar como opção, não é preciso sair brigando com ninguém".

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Jornal da Paraíba

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