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POLÍTICA

Relação de Ricardo e Agra mistura parceria com interferência política

Governador e prefeito de João Pessoa são tão próximos, que muitos acreditam que Ricardo Coutinho ainda manda na Capital. Políticos de oposição e situação falam sobre o assunto.

Publicado em 28/06/2011 às 9:29

Jhonathan Oliveira

Para muitos brasileiros o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) interfere diretamente na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT). Aqui na Paraíba existe uma alegação parecida: integrantes da classe política e cidadãos comuns acham que o governador Ricardo Coutinho (PSB) é a verdadeira figura por trás das ações administrativas do prefeito de João Pessoa, Luciano Agra (PSB).

Em discursos e ações os dois sempre deixaram claro que existe um diálogo entre as gestões. E não poderia ser diferente, afinal eles fazem parte do mesmo partido e o prefeito herdou o mandato que foi do governador, mas, o que não se sabe é se essa relação fica apenas no campo das parcerias ou se ela pode ser considerada um caso de submissão política.

Desde que Ricardo assumiu o Governo, as gestões do Estado e da Capital passaram a manter uma ligação estreita. De janeiro até agora já foram firmados vários convênios, entre elas o do mutirão de cirurgias eletivas e o acordo de cooperação técnica entre o Empreender-PB e o Empreender-JP.

Ao mesmo tempo em que se ligam por meio de ações, os dois poderes também se unem através de suas equipes, pois grande parte dos auxiliares do governador são ex-integrantes do corpo de secretários da Prefeitura. Recentemente eles chegaram ao ponto de anunciar uma troca de nomes nas Secretarias de Comunicação no mesmo dia.

“A experiência mostra que os governadores quando assumem o mandato e está havendo o término de uma gestão municipal que é aliada, e principalmente quando esse governador é ex-prefeito, há naturalmente uma interferência significativa”, é o que diz o cientista político e professor da Universidade Federal da Paraíba, ítalo Fittipaldi (foto ao lado).

Segundo ele, essa intervenção ocorre exatamente na transferência de quadros de pessoal de um poder para o outro. “Se nós precisássemos de uma evidência dessa interferência seria exatamente essa dança de cadeiras entre o poder municipal e o estadual”, afirmou. Ele acrescenta que os que assumem na Prefeitura passam a dever lealdade aqueles que foram alçados ao Estado e assim mantêm uma ligação direta.

Na enquete do lado direito da página você pode opinar sobre o assunto.

Para os políticos que fazem oposição às duas gestões do PSB, a coisa é bem mais simples. Na visão deles Ricardo ainda é o prefeito da Capital. “O governador é o prefeito de João Pessoa, quem toma conta de tudo é ele”, garante o deputado estadual Gervásio Maia (PMDB). O parlamentar, que já foi aliado de Ricardo, alega que ele preparou toda essa situação ainda na eleição de 2008, quando foi reeleito prefeito.

“Ele (Ricardo) planejou sair da Prefeitura e continuar mandando, por isso escolheu como vice um técnico que não entende absolutamente nada de política”, acrescentou Gervásio.

Na visão da base aliada, essa tese de interferência de Ricardo na administração de Agra tem unicamente o objetivo de desestabilizar as duas gestões. “Não existe interferência nenhuma o que existe é um clima de construção coletiva entre as duas gestões. Juntos estamos construindo vários convênios, como há muito tempo não se via, entre o Estado e a prefeitura”, destacou o vereador Bira Pereira, líder do PSB na Câmara de João Pessoa.

Atualmente na bancada governista na Assembleia Legislativa, o deputado Hervázio Bezerra (PSDB) já foi líder da oposição contra Ricardo na época em que este era prefeito da Capital. O parlamentar tucano tem uma leitura diferente para a relação entre as administrações. “Eles se orientam mutuamente. Existe uma amizade antiquíssima e em função disso procuram politizar e dizer que há uma interferência do governador na Prefeitura”, completou.

Mirando nas eleições

Para o cientista político Ítalo Fittipaldi, a possível intervenção de Ricardo na Prefeitura seria uma estratégia com vistas às eleições de 2012. O estudioso avalia que é importante para o governador que a Prefeitura da Capital, maior colégio eleitoral do Estado, continue nas mãos do seu grupo político.

“Temos uma eleição no ano que vem é e importante para o governador que a Prefeitura da Capital, principal colégio eleitoral do Estado, fique com seu grupo. Portanto, é possível e estratégico que ele venha a intervir na gestão”.

Imagem

Jornal da Paraíba

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