Reprovação das contas do governo é "factoide"

O presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), deputado Ricardo Marcelo (PEN), disse ontem, em Campina Grande, que a acusação do líder do governo, Hervázio Bezerra (PSB), de que ele manobra para reprovar as contas do governador Ricardo Coutinho é um "factoide", a exemplo do que ocorreu há 2 anos quando foi propagada uma suposta articulação para pedir o impeachment do chefe do Executivo estadual.

As declarações foram dadas em entrevista na Fiep, onde assinou convênio com a Câmara de Campina Grande e de mais 30 municípios para oferecer cursos de capacitação para os servidores municipais por meio do Programa de Qualificação Continuada do Legislativo (Proquale). No total, já são 150 Câmaras conveniadas.

Ricardo Marcelo ressaltou que tem exercido na ALPB o papel de juiz. “Nunca, em momento algum, fomentei qualquer tipo de ação contra o governo. Assim como ele (Hervázio) disse há dois anos que nós estávamos a um passo de um impeachment do governador, não tivemos nenhum problema e a imprensa toda sabe disso. Não teve nenhum procedimento que levasse ao impeachment do governador de nossa parte”, justificou.

Segundo o presidente da ALPB, “deputados que estão na periferia, em torno do Palácio da Redenção, que precisam mostrar serviço ao governo porque senão não são bem remunerados, começam a criar factoides”.

CARTILHA

Para evitar problemas com a Justiça Eleitoral na campanha, Ricardo Marcelo revelou que a ALPB está elaborando uma cartilha para orientar os deputados sobre as condutas. “Vamos reunir os deputados e entregar a cada um uma cartilha. Vamos respeitar a legislação no período eleitoral”.

Em relação à troca de farpas recente entre Hervázio Bezerra e a deputada Léa Toscano (PSB) sobre a invasão de bases eleitorais e a relação com o governo, Ricardo Marcelo disse que não vai admitir que a tribuna da ALPB se transforme em um palanque.

“Na Casa de Epitácio Pessoa, no momento das sessões, não é para discutir temas que não sejam de interesse da população. Não podemos admitir palanque político como foi visto por toda a Paraíba. Nós vamos coibir de certa forma esse tipo de situação. O Parlamento não é para isso, mas para exercitar a democracia e discutir os problemas de toda a Paraíba”.

PARTIDO

O deputado Ricardo Marcelo, presidente estadual do PEN, disse que na próxima semana o partido vai se reunir para definir uma posição com vistas às eleições para o governo do Estado.

“Estamos prontos para a semana que vem entrarmos numa reunião com a bancada de deputados estaduais completa e fazer as avaliações e definição sobre as eleições. Hoje há uma forte inclinação na direção à pré-candidatura do PSDB”, adiantou.

O dirigente revelou que o partido abre mão de ocupar uma vaga na chapa majoritária do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) para ampliar o palanque. Ele também espera que alguns partidos que compõem o 'blocão' (PP, PSC e PT) possam integrar a chapa do tucano, pois são partidos importantes que têm deputados federais e estaduais.

LÍDER ATRIBUI CULPA À OPOSIÇÃO

O líder do governo na AL, Hervázio Bezerra, disse que os deputados da oposição propagaram que havia uma articulação para rejeitar o parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovando as contas do governo de Ricardo Coutinho. Ele frisou que não é responsável por nenhum factoide, inclusive sobre impeachment.

“Eu ouvi de vários deputados da oposição que estavam trabalhando para reprovar o acórdão favorável do Tribunal de Contas e, por conseguinte, rejeitar as contas do governador para inviabilizar sua candidatura à reeleição. Não delatei ninguém, mas denunciei o fato da tribuna da Assembleia”, ressaltou.

Hervázio salientou que Ricardo Marcelo é um político forte por ser presidente do Poder Legislativo e espera que ele trabalhe como um juiz, principalmente no caso das contas do governo.

“Reprovar o acórdão do Tribunal de Contas do Estado seria uma desmoralização para a Corte”, concluiu o deputado.