POLÍTICA
Ricardo ameaça acionar STF caso Temer barre financiamentos à PB
Carlos Marun condicionou liberação de recursos a apoio à Reforma da Previdência.
Publicado em 28/12/2017 às 11:32 | Atualizado em 28/12/2017 às 16:35
O governador Ricardo Coutinho (PSB) ameaçou acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) caso financiamentos sejam prejudicados por eventuais posicionamentos contrários à Reforma da Previdência. O socialista foi um dos sete governadores do Nordeste a assinar uma carta de repúdio contra o ministro de articulação política do governo Temer, Carlos Marun, que condicionou a liberação de recursos da Caixa ao apoio dos chefes do Executivo a aprovação das proposta no Congresso Nacional.
Em entrevista ao jornal O Globo, Ricardo Coutinho classificou como "inaceitável" a ameaça de Marum em boicotar os governadores contrários à Reforma. “É surreal, é inaceitável. A Paraíba está tendo acesso a financiamentos porque tem capacidade para isso. O dinheiro que pegarmos, pagaremos. Estamos pagando até hoje. Não sabemos se isso reflete a opinião do presidente ou se foi arroubo de um ministro talvez querendo mostrar serviço”, disse, durante encontro de Governadores do Nordeste, nessa quarta-feira (27).
Na última terça-feira (26), Marun defendeu que financiamentos da Caixa eram “ações de governo” e que esperava “reciprocidade” dos governadores.
“Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei aonde. Obviamente, se são na Caixa, no Banco do Brasil ou no BNDES são ações de governo. Nesse sentido, entendemos que deve sim ser discutido com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, declarou o ministro da Secretaria de Governo.
Reação
A declaração provocou reação dos governadores nordestinos, que se reuniram e resumiram em carta um protesto contra o ministro. A nota foi assinada por governadores de sete dos nove estados da região. De acordo com o governo do Ceará, os chefes dos Executivos de Sergipe e Rio Grande do Norte não se manifestaram.
O grupo considera que a condição imposta pelo ministro é um ato arbitrário e cobra uma posição do presidente Michel Temer em relação ao seu subordinado. “Vivemos em uma Federação, cláusula pétrea da Constituição, não se admitindo atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível somente na vigência de ditaduras cruéis. Esperamos que o presidente Michel Temer reoriente os seus auxiliares, a fim de coibir práticas inconstitucionais e criminosas”, conclui o comunicado.
Comentários