POLÍTICA
Temer avalia que áudio da conversa com dono da JBS não o incrimina
Além da susposta compra do silêncio de Cunha, Joesley Batista fala que está "segurando dois juízes".
Publicado em 19/05/2017 às 8:22
Após ouvir o áudio gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, o presidente Michel Temer (PMDB) avaliou, junto com a equipe de governo, que o conteúdo da conversa não o incrimina. A gravação foi divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois que o ministro Edson Fachin retirou parcialmente o sigilo da delação premiada do empresário.
O aúdio tem quase 40 minutos (ouça abaixo). Em um dos trechos, Joesley e Temer falam sobre a situação do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Quando o empresário fala que está dando uma mesada a Cunha, para que ele fique em silêncio, o presidente dá o aval para que ele continue com a prática. “Tem que manter isso, viu?”, diz Temer.
O governo afirma que o trecho diz respeito à manutenção do bom relacionamento entre Cunha e Batista, e não a um suposto pagamento de mesada pelo silêncio do ex-deputado.
Em outro momento da gravação, Joesley conta a Temer que está “segurando dois juízes”e que conseguiu uma pessoa "dentro da força-tarefa”. O presidente ouve o relato e não faz nenhum comentário objetivo.
Apesar da clara obstrução de Justiça declarada por Joesley, o Palácio do Planalto, em nota, minimizou a fala de Temer no momento. “O presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem. O presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados”, disse a assessoria.
Por conta da delação de Joesley, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou abertura de inquérito para investigar o presidente Michel Temer. O pedido de investigação foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com a decisão, o presidente passa formalmente à condição de investigado na operação. A expectativa do governo é que o STF investigue e arquive o inquérito.
Sem renúncia
O presidente Michel Temer disse em pronunciamento, na quinta-feira, que não irá renunciar ao cargo e exigiu uma investigação rápida na denúncia em que é citado, para que seja esclarecida. “Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos, e exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo”, disse Temer, em pronunciamento. “Não renunciarei. Repito não renunciarei”, disse.
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