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POLÍTICA

Vereadores de JP têm 'exército' de cabos eleitorais patrocinados pelo erário

Cada vereador tem direito a contratar 18 auxiliares que, na maioria dos casos, são incumbidos de exercer atividades alheias ao parlamento.

Publicado em 03/03/2016 às 8:22

O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Durval Ferreira (PP), encerrou às pressas a sessão de ontem para acabar com um bate-boca protagonizado entre os líderes da oposição, Renato Martins (PSB), e da situação, Marco Antonio (PPS). A cena foi somente mais um episódio de uma situação que tem se tornado corriqueira na Casa. Preocupados com a disputa eleitoral, que promete ser acirrada com nomes fortes que querem voltar ao parlamento, vereadores com mandato têm se valido da estrutura do gabinete para criar seu “exército” de cabos eleitorais.

Os comissionados, na maioria dos casos, têm funcionado para botar a mão na massa e atender às estratégias dos vereadores, seja engrossando protestos de rua, reforçando os gritos nas galerias da Câmara ou mesmo espionando os adversários. Cada parlamentar tem direito à contratação de 18 auxiliares de livre nomeação, bancados pelo Legislativo. O custo mensal na folha é de R$ 33 mil por vereador.

Na última folha de pagamento da Câmara, referente a novembro do ano passado, disponibilizada no Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade (Sagres), do Tribunal de Contas do Estado, há 486 cargos comissionados lotados nos gabinetes dos vereadores, uma média de 18 para cada um dos 27 parlamentares. O custo anual deles chega perto de R$ 13 milhões pagos com recursos do erário.

Não bastasse a quantidade de servidores, que se abarrotam em gabinetes minúsculos sem função definida, com horários de expedientes flexíveis e sem controle de ponto, muitos ainda são incumbidos de exercer atividades alheias à atividade parlamentar.

No mais recentemente caso tornado público, um assessor de Renato Martins teria sido agredido ao tentar fazer imagens de um engarrafamento provocado pela quebra de um ônibus na Lagoa. A prática de arapongagem é uma atribuição comum entre os comissionados. Mas não apenas isso. No Carnaval, outros fizeram as vezes de organizadores de blocos, como os assessores de Bira e Fuba.

A situação ficou tão escrachada no parlamento que o presidente Durval Ferreira chamou o feito à ordem, na semana passada, ao constatar que muitos dos militantes que estavam na galeria da Casa fazendo barulho eram assessores de gabinetes. Apesar da bronca geral, as críticas de fato eram direcionadas a Martins, que pelo terceiro dia seguido havia enchido as galerias com populares, empunhando faixas e cartazes cobrando a volta do Terminal de Integração e a instalação da CPI da Lagoa.

O vereador Marmuthe Cavalcanti (PSD), alvo de ataques de adversários na sessão de ontem, admitiu ter 18 assessores para auxiliá-lo no trabalho parlamentar. Assegurou que, no caso dele, sua equipe trabalha para municiá-lo com informações das demandas da população. Eles também são utilizados nas ações sociais do vereador, na condução de um veículo para transporte de pacientes para os hospitais e também de um caminhão de mudança. Outra atividade, é acompanhar os passos dos adversários políticos. “Até para me municiar e me preparar de eventuais armadilhas”, disse, justificando a arapongagem.

Na mesma linha, o vereador João dos Santos (PR) tem usado parte dos seus auxiliares para comandar a entrega de sopas e condução dos veículos destinados para a população nos bairros de Padre Zé e Mandacaru.

Diante dos problemas, a superintendência proibiu o acesso deles à sala de imprensa e o acesso é restrito também nas galerias. Isso faz com que alguns vereadores usem esquema de rodízio para que o seu pessoal faça pressão nas sessões.

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Jornal da Paraíba

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