Em depoimento ao Ministério Público Federal, o lobista Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou que o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo Filho, teria participado de três reuniões com ex-senador Gim Argello (PTB-DF) ‘para arrecadar contribuições’, em 2014. Conforme reportagem do Estadão, veiculada nesta segunda-feira (23), o então senador era uma espécie de 'selo de garantia' para fechar o acordo de pagamento de propina cobrada a empresários para não serem convocados à Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) da Petrobras.
O delator teria declarado à reportagem que o empresariado, OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC, Engevix, Queiroz Galvão, começou a se preocupar com as consequências da CPI da Petrobrás, para as pessoas físicas e para as empresas’, presidida por Vital do Rêgo no Senado.
À Procuradoria-Geral da República, Julio Camargo contou que a primeira reunião foi em Brasília, na casa de Argello, então senador. De acordo com o delator, Gim Argello disse que chamaria todo o setor e pediu a Léo Pinheiro e a ele para avisar alguns dos empreiteiros. “Na mesma ocasião, Léo Pinheiro, mais experiente que o depoente, perguntou se teria que haver pagamento de propina, disfarçada em contribuição política; que Gim Argello disse que deixassem esse assunto para a próxima reunião; que Léo Pinheiro perguntou: “e o Dr. Vital”, ocasião em que Gim Argello disse que este estava do seu lado”.
O segundo encontro, relatou o delator, ocorreu na semana seguinte, com a presença do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. Gim Argello disse que não queria pressionar o empresariado, mas que aproveitaria a CPI para arrecadar contribuições, pois estava próximo das eleições. Ele, no entanto, pediu R$ 5 milhões por empresa em troca de não serem chamados pela CPI. No mesmo encontro, Gim Argello disse que ‘na próxima reunião’ levaria Vital do Rêgo, então presidente da CPI, que teria comparecido para dar o 'selo de garantia'. Ele declarou que Vital do Rêgo ficou apenas em torno de 10 minutos.
O delator narrou ao Ministério Público Federal que disse a Gim Argello que o tamanho da empresa não permitiria pagar o valor de R$ 5 milhões. “O limite de contribuição oficial da empresa era baixo devido ao faturamento; que Gim Argello pediu então pagamento ‘por fora'; que o depoente não quis negar de imediato o pedido, com a estratégia, tendo afirmado que pagaria os R$ 2 milhões; que Léo Pinheiro estava nessa terceira reunião; que então Gim Argello disse que Léo Pinheiro e o depoente contribuiriam para sua campanha e outras empresas para a campanha de Vital do Rêgo.”
À reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, a assessoria de Vital do Rêgo disse que o paraibano já se manifestou sobre o assunto, e não voltará a se manifestar até que tenha acesso aos respectivos depoimentos.
Comentários