QUAL A BOA?
Filme sobre os Beatles termina com grande presente aos fãs!
Publicado em 05/02/2017 às 11:00 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:55
Fui ao Recife ver os Beatles no cinema: Eight Days a Week, The Touring Years, o documentário de Ron Howard.
Começo com um registro: uma pena que João Pessoa, com suas 27 salas, tenha ficado de fora. O filme teve quatro dias de exibições nos cinemas brasileiros, e nós aqui não fomos contemplados.
Mas vamos ao que vi.
(Na foto, o diretor Ron Howard com Paul McCartney e Ringo Starr)
Antes de ver Eight Days a Week, o espectador que conhece os personagens faz uma pergunta crucial:
Ainda é possível oferecer algum ineditismo num filme sobre os Beatles?
Com suas 10 horas de duração, o documentário Anthology já teria esgotado o assunto em meados da década de 1990!
Os estagiários agora recrutados para procurar imagens inéditas conseguiram alguma coisa, mas terá sido suficiente? Certamente não!
O que há, então, de tão atraente no documentário de Howard?
O tema escolhido pelos realizadores! Esse é o segredo do filme. O tema e a competência com que foi tratado e transformado em cinema.
Eight Days a Weeks não é uma biografia dos Beatles com começo, meio e fim. É um retrato do quarteto tirado a partir dos anos loucos das turnês. E que retrato!
Quem conhece a trajetória do grupo entende, logo no início, que o filme deve terminar ali por volta de 1966, quando acabam as turnês. E é o que acontece. Mas resta algum tempo para o que veio depois: o Pepper, como disco mais importante e influente, e o que fizeram nos anos finais. Claro, porque era necessário dizer que, em 1969, já nos estertores, os rapazes tocaram ao vivo no telhado da Apple. Eight Days a Week termina com dois números do último show dos Beatles, dando a impressão de que estamos revendo, na tela grande, o documentário Let It Be.
A narrativa é ágil e eficiente. Entrevistas da época, shows, fãs, contexto histórico (o assassinato de Kennedy, a luta contra o racismo), além dos muitos depoimentos que comentam a cena de longe. Está tudo lá. A música conduz o filme. E puxa o espectador pelas mãos, entre a razão e a emoção, para que ele se deixe levar.
É irresistível!
E o desfecho, surpreendente, é um grande presente para quem ama os Beatles!
Depois que sobem os créditos, quando o filme acaba, há um bônus: o show do Shea Stadium restaurado em 4K com áudio remasterizado em Abbey Road!
Pois é! O show completo, com imagens inacreditavelmente belas e áudio que supera as limitações técnicas do registro original!
Ao jovem Paul, o repórter pergunta:
Qual será o papel dos Beatles na história da cultura ocidental?
O músico se surpreende:
Cultura? Isso é só diversão!
Já vimos que estava enganado! Felizmente!
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