QUAL A BOA?
Ingmar, o homem, e Bergman, o artista, em um documentário
Publicado em 01/08/2018 às 7:09 | Atualizado em 22/06/2023 às 13:06
Ingmar Bergman é tão importante que, nos 100 anos do seu nascimento, corre o mundo um documentário sobre o cineasta.
Ingmar é o homem.
Bergman é o artista.
Li em algum lugar e gostei da tentativa de separar o inseparável.
Fui ver Bergman, 100 Anos numa sessão de domingo e fiquei triste com a sala vazia. Só havia nove espectadores. Sinal desses tempos em que críticos e cadernos de cultura preferem os blockbusters e se deslumbram com filmes de super-heróis.
Continuo preferindo Bergman.
O documentário de Jane Magnusson, de 50 anos, traz um retrato de Ingmar e de Bergman.
É centrado em um só ano (já nos assegura o título original), 1957, o ano de O Sétimo Selo e Morangos Silvestres, crucial para o artista e a consolidação do seu trabalho, mas recua e avança no tempo. Vai do nascimento à morte. Passa pela fase da juventude em que nutriu simpatia pelo nazismo, fala dos seus tormentos e da relação destes com os filmes que realizou e as peças que montou.
Não há Bergman sem Ingmar, filho de um pastor luterano. As muitas mulheres, os muitos filhos. As conexões entre a vida real e a arte. O caráter autobiográfico do seu cinema, do extraordinário legado.
O documentário tem presenças desnecessárias e ausências imperdoáveis. Barbra Streisend não faria falta. Max Von Sydow faz uma falta imensa. Liv Ullmann fala pouco.
Mas é um belo filme. Franco quando trata dos defeitos de Ingmar. Justo quando se debruça sobre o trabalho de Bergman.
Que homem atormentado!
Que artista excepcional!
Quando penso naqueles cinco ou seis cineastas que deram ao mundo o melhor dessa arte do século XX, Ingmar Bergman é um deles.
Seus filmes têm crescido ainda mais com a passagem do tempo.
Não são chatos nem difíceis de entender, como muitos dizem.
São apenas os mais contundentes entre os tantos que buscam desnudar o ser humano e suas dores que não têm cura.
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