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QUAL A BOA?

Um dos grandes do Cinema Novo, Cacá Diegues faz 80 anos

Publicado em 19/05/2020 às 7:48 | Atualizado em 22/06/2023 às 12:54


				
					Um dos grandes do Cinema Novo, Cacá Diegues faz 80 anos
Divulgação

"Xica da...Xica da...Xica da...Xica da Silva, a negra"

Zezé Motta em cena, deslumbrante, a voz e o violão de Jorge Ben.

A sala cheia, e o público impactado com aquilo.

O ano? 1976.

Xica da Silva estava entre os "subversivos" que o crítico José Carlos Avellar comentou no Jornal do Brasil.

Os outros? Creio que Um Estranho no Ninho, de Forman, e Ludwig, de Visconti.

Xica da Silva, com sua força extraordinária e seu grande apelo popular, parecia nos dizer: "Olha, o Cinema Novo, com seus caminhos tão difíceis, também conduziu a isto".

Quem foi testemunha sabe como era.

*****

Lembrei disso agora como tributo a Cacá Diegues.

Nesta terça-feira (19), o cineasta faz 80 anos.

Ganga Zumba, A Grande Cidade e Os Herdeiros, já vi depois.

O meu Cacá Diegues é o dos anos 1970, aquele de quem fui contemporâneo.

Quando o Carnaval Chegar, Joanna Francesa, Xica da Silva, Chuvas de Verão, Bye Bye Brasil.

*****

Cacá Diegues é um dos grandes do Cinema Novo. Está junto de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade.

Cada um criou um jeito de filmar (o realismo social de Nelson, o barroco de Glauber), disse ele há pouco numa entrevista à Folha.

O seu jeito de filmar dialogou bem com o público, venceu obstáculos enfrentados pelo movimento.

"O Cinema Novo não foi o ápice do cinema brasileiro, foi o início" - também está na sua entrevista à Folha.

*****

Além de grande cineasta, Cacá Diegues foi o cara que, ali por volta de 1977, cunhou a expressão "patrulhas ideológicas".

De esquerda, ele sempre foi, mas estava cansado das cobranças que a esquerda fazia aos artistas e intelectuais que buscavam modos próprios de engajamento e luta.

*****

Para fechar, volto a Xica da Silva, recorrendo mais uma vez ao que Cacá disse na entrevista à Folha;

Era fascinado pela história dela. Além disso, resolvi fazer o filme porque estávamos vivendo um período horroroso da ditadura. Não podia fazer o que queria, era uma tristeza.

Eu achava que ceder a essa tristeza seria um ponto dado para eles. Pensei que o riso era uma forma de reação, uma resposta à depressão.

Xica da Silva era uma resposta eficaz àquela tristeza.

Que cinema seria, então, uma resposta aos dias atuais?

Imagem

Silvio Osias

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