Paulinha Abelha: psiquiatra aponta riscos de usar medicamento para TDAH como inibidor de apetite

Laudo médico da cantora aponta a presença 16 substâncias, inclusive anfetaminas. Paulinha fazia uso do anfetamínico Lisdexanfetamina como inibidor de apetite, medicamento porém é indicado para casos de TDAH.

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O laudo da morte de Paulinha Abelha, cantora do Calcinha Preta, que morreu no dia 23 de fevereiro, foi divulgado na noite deste domingo (7), no programa ‘Domingo Espetacular’. Quatro doenças foram apresentadas como causas da morte: meningoencefalite, hipertensão craniana, insuficiência renal aguda e hepatite. Conforme o exame toxicológico, no corpo da artista, foram encontradas  substâncias anfetamínicas, presente em um remédio para TDAH que a cantora estava tomando como inibidor de apetite, e barbitúricas. Um exame no fígado que o g1 teve acesso indicou lesão hepática aguda, com necrose de hepatócitos e colestase intra-hepatocitária, e apontou que os danos podem ter sido causados por excesso de medicamentos.

A assessoria jurídica da banda Calcinha Preta divulgou ao g1 que a cantora estava fazendo uso de algumas medicações para emagrecimento, inclusive a Lisdexanfetamina, popularmente conhecida no Brasil como Venvanse (nome comercial), que havia sido receitada para Paulinha Abelha com o propósito de inibir o apetite. O medicamento, entretanto, é indicado para pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH). O marido de Paulinha, Clevinho, relatou no ‘Fantástico’ do dia 27 de fevereiro que ela estava fazendo uso de remédios para emagrecer e era acompanhada por uma nutróloga. Além dessa anfetamina, a cantora fazia uso de cerca de 17 substâncias, receitadas por uma nutróloga, com o objetivo de perder peso, como Orlistate, Morosil, Slendesta, entre outras.

Paulinha Abelha
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De acordo com o psiquiatra Charlles Lucena, a Lisdexanfetamina é segura, mas deve ser utilizado para o seu propósito, que é o tratamento de TDAH.

É seguro, desde que prescrito para os fins que ele realmente é indicado que é o TDAH, mas tem que ter muito cuidado com a interação com outros fármacos. A indicação desse tipo de medicamento é para quadros onde há uma necessidade de suporte para a área da cognição, em particular, concentração, atenção e memória. Também tem uma ação muito boa contra a impulsividade. Alguns pacientes, talvez por esse uso na impulsividade, também usam o medicamento para fins de emagrecimento. Ele pode sim ter alguma resposta como inibidor de apetite, mas não é indicado, não é a proposta da medicação”, explicou.

O psiquiatra também ressalta que o uso desse tipo de medicamento demanda cautela, pois, além de causar dependência, pode ter interações negativas com outros fármacos. “É um medicamento que pode causar dependência se usado de forma inadequada e que tem associações negativas com outros fármacos. Portanto tem que se ter prudência e deve ter o cuidado de uma prescrição adequada, para que não traga prejuízos à saúde física do paciente”, completou.

Interações medicamentosas no caso de Paulinha Abelha

Paulinha foi internada no dia 11 de fevereiro, em um hospital de Aracaju, em Sergipe, após apresentar problemas renais que evoluíram para o fígado e cérebro. Ela entrou em coma no dia 17 e morreu no dia 23.

As causas da morte, foram quatro doenças: meningoencefalite, hipertensão craniana, insuficiência renal aguda e hepatite. A meningoencefalite é um processo inflamatório que envolve o cérebro e meninges, produzido, muitas vezes, por organismos patogênicos que invadem o sistema nervoso central, e ocasionalmente por toxinas. A hipertensão craniana, por sua vez, pode ser causada por AVC, tumor cerebral ou infecção no cérebro, como meningoencefalite.

Já a insuficiência renal pode ser causada por doenças renais crônicas, tumores cerebrais, mas também por usos de alguns medicamentos e substâncias tóxicas. Por fim, a hepatite pode ser ocasionada por sobrecarga do fígado. Como a cantora fazia uso de diferentes medicações para emagrecer, inclusive um anfetamínico, há a suspeita de que as interações medicamentosas tenham sobrecarregado os órgãos dela.

O psiquiatra Charlles Lucena explica que interações medicamentosas negativas são capazes de sobrecarregar os órgãos como o fígado e os rins, ou seja, fazendo com que precisem trabalhar mais e trazendo riscos para a saúde física do paciente.

Quando o paciente faz uso de vários medicamentos diferentes, o que se constitui uma politerapia, a gente tem que entender que esses fármacos interagem uns com os outros e essas interações às vezes são negativas. Então o médico precisa ser muito cuidadoso na prescrição de medicamentos para evitar que eles interajam negativamente entre si, exigindo um funcionamento maior de órgãos como o fígado e os rins”.

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