Paraíba registra primeiro caso de gestante infectada pelo zika vírus em 2022

Segundo o médico infectologista, quanto mais no início da gravidez ocorrer a contaminação, maiores são as chances do bebê nascer com microcefalia.

Foto: Divulgação/NIAID

A Paraíba registra o primeiro caso de gestante infectada pelo zika vírus em 2022, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (SES). A zika é a principal causadora de microcefalia em bebês. Segundo o médico infectologista, Fernando Chagas, quanto mais no início da gestação ocorrer a contaminação, maiores são as chances da criança nascer com a condição.

“As chances estão altamente relacionadas com o período que se pega a doença. As maiores chances ocorrem nas primeiras semanas, quando há a formação do tubo neural, que é a estrutura que vai gerar a coluna vertebral e o cérebro da criança e o osso do crânio, que é exatamente o que é prejudicado pela microcefalia”, explica o médico especialista.

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O médico também explica que o zika vírus tem “tropismo”, isto é, uma atração/preferência por células do sistema nervoso. “Então, especialmente nas primeiras oito semanas, se a mãe contrair a doença, o vírus pode atrapalhar o desenvolvimento do tubo neural do bebê, então a criança pode ter microcefalia e alterações no sistema nervoso”, diz Fernando Chagas.

Para as gestantes que contraíram a doença, infelizmente ainda não há tratamento para reduzir as chances do bebê nascer com a malformação. Também não há tratamento para as crianças que nascem com microcefalia. “O que existem são tratamentos de suporte, de acordo com o grau de lesão e dependência do bebê, pois existem diferentes apresentações, umas mais graves que as outras”.

“Tem crianças que nascem com microcefalia, mas que têm uma série de funções que são desenvolvidas normalmente e elas têm uma dependência menor de cuidados. Tem outras que a alteração é muito violenta, que faz com que a criança tenha uma dependência muito grande e aí sim, exige mais dos pais. É uma situação que reflete na vida inteira da família, lembrando que é uma condição permanente. Então a ideia é evitar a exposição ao vírus nesse período para não desencadear esse quadro”, diz o médico infectologista.

Como prevenir dengue, zika e chikungunya?

Segundo o médico infectologista, a primeira coisa a se fazer é evitar o vetor, ou seja, o mosquito responsável pela transmissão, que é o Aedes aegypti. “Como podemos fazer isso? Combatendo o mosquito dentro de casa e no ambiente ao redor da casa, como no quintal, etc”, explica.

Ele voa até 200 m de distância, então o mosquito que vai te causar a doença é o que está ali no seu ambiente.
“O mosquito põe ovos que demoram de 7 a 10 dias para amadurecer, então se uma vez por semana você fizer a limpeza em casa e ao redor dela, já é o suficiente para evitar que o mosquito se prolifere perto de você”, recomenda Fernando Chagas.

O infectologista chama atenção para as calhas das telhas. “Muitas vezes as folhas bloqueiam a água de escorrer pelas calhas. Então tire as folhas e o que tiver obstruindo as calhas”, explica. Outra dica é olhar atrás da geladeira, “às vezes fica água quando o gelo derrete. Lembre de tirar as tampas de garrafa, copos descartáveis e quaisquer objetos que possam permanecer com água parada por um tempo, basta trocar a cada uma semana”, explica.

Gestantes devem ter atenção em dobro

Uma grande preocupação de grávidas, especialmente no começo da gestação, é contrair o zika vírus, responsável por causar microcefalia em bebês. Nesses casos, o médico especialista recomenda a utilização do repelente. “Principalmente a base de icaridina, uma substância boa contra o mosquito”, diz Fernando Chagas.

“O ideal é usar o repelente no início da manhã e no final da tarde, que são os momentos onde a fêmea (já que é a fêmea que pica) sai pra procurar sangue. Outra sugestão é colocar telas nas portas e janelas. Sempre no início da manhã e no final da tarde, quando a temperatura cai, você deve fechar as janelas e portas”, alerta Fernando Chagas.

Dados

A Paraíba já registrou quatro novas mortes por arboviroses, tendo sido duas causadas pela dengue e duas por chikungunya, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). No ano de 2022, foram registrados 13.568 casos prováveis de dengue, já referentes à chikungunya foram notificados 9.332 casos prováveis. Para a doença aguda pelo vírus zika foram notificados 375 casos prováveis. Totalizando as três arboviroses, a Paraíba já registra 23.275 possíveis casos neste ano.

Os casos prováveis de dengue se destacam em maior quantitativo, seguido dos casos prováveis de chikungunya e, depois, os casos prováveis de zika. Importante lembrar que o indivíduo pode adquirir dengue por quatro vezes.

Até o momento, a Paraíba registrou 20 mortes suspeitas de arboviroses. Destas, 10 estão em investigação, distribuídos em 9 municípios: Patos (1), Santa Luzia (2), Brejo dos Santos (1), Cajazeiras (1), Campina Grande (1), João Pessoa (1), Pombal (1), Mari (1), Serra da Raiz (1). São 6 óbitos considerados como descartados, nos municípios de João Pessoa(1), Bayeux (1), Boa Ventura (1), Mulungu (1) e Jericó (2).

*Com informações do g1