Câncer de pâncreas: entenda doença que causou morte de Manoel Júnior

Câncer de pâncreas é um dos que mais mata no Brasil, segundo o Inca. Ele é mais comumente diagnosticado a partir dos 60 anos de idade.

O câncer de pâncreas, que causou a morte do prefeito de Pedras de Fogo e ex-deputado federal Manoel Júnior, é um dos tipos da doença que mais mata no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). As altas taxas de mortalidade têm relação com os sintomas tardios e a agressividade do quadro. De acordo com o órgão, entre 2011 e 2020, as mortes por ano relacionadas a essa enfermidade saltaram de 7,7 mil para 11,8 mil. O dado representa um incremento de mais de 50%.

Manoel Júnior estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, e morreu na terça-feira (28).

Em 90% dos casos, o câncer de pâncreas se manifesta como uma adenocarcinoma, um tumor que se origina no tecido glandular. Podendo afetar todas as outras partes do órgão.

Raramente é diagnosticado antes dos 30 anos mas se torna mais comum a partir dos 60. E com o avanço da idade, os casos de câncer de pâncreas aumentam. De 10 a cada 100.00 habitantes entre 40 e 50 anos para 116, entre 80 e 85 anos, segundo a União Internacional para o Controle de Câncer (UICC).

O Inca calcula que em 2020 essa doença matou 5.882 homens e 6.011 mulheres. Isso faz com que esse tumor seja o sétimo mais mortal para eles e o quinto para elas. A estimativa do instituto aponta para 10.980 casos diagnosticados em 2023.

velório de Manoel Júnior (Foto: Wendel Lopes)
Manoel Júnior morreu na terça-feira (28) (Foto: Wendel Lopes)

Fatores de risco

Segundo o Inca, os fatores de risco para o câncer de pâncreas se dividem entre os hereditários e os não hereditários. O primeiro grupo responde por cerca de 10% a 15% dos diagnósticos, e nessa lista aparece histórico familiar, além de síndromes como a pancreatite .Já entre os não-hereditários, destacam-se a obesidade, falta de atividade física, tabagismo e diabetes mellitus, além de exposições a substâncias tóxicas.

Outro fator que contribui para o desenvolvimento do câncer de pâncreas são os hábitos inadequados da população, como explica o médico Duílio Rocha, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, que as gerações vindas depois dos anos 1970 passaram a consumir mais alimentos ultra processados e ricos em gorduras saturadas e o aumento dos casos de sedentarismo e obesidade.

Todas essas alterações estão relacionadas a um aumento geral de enfermidades crônicas não transmissíveis, como a hipertensão, o diabetes e diversos tipos de câncer, como o que acomete o pâncreas.

Sintomas do câncer de pâncreas e prevenção

O câncer de pâncreas tem como principais sintomas:

  • Fraqueza
  • Perda de peso
  • Falta de apetite
  • Dor abdominal
  • Urina escura
  • Olhos e pele de cor amarela
  • Náuseas
  • Indigestão
  • Dores nas costas

Segundo o médico Duílio Rocha, os sintomas do câncer de pâncreas só costumam aparecer numa fase avançada e são muito genéricos, ou seja, se confundem com uma série de outras enfermidades possíveis.

Exames de imagem, como ressonância magnética e ultrassonografias convencional ou endoscópica, são as principais formas de se detectar a doença.

De acordo com o Inca, a melhor forma de prevenir esta comorbidade é ter um estilo de vida mais saudável, evitar a exposição ao tabaco tanto de forma passiva ou ativa, praticar exercícios físicos e ter uma dieta saudável, evitando o consumo de álcool.