O que fazer em caso de picada de escorpião?

Com a chegada do inverno, o período da reprodução dos escorpiões se inicia, aumentando a quantidade de casos de picadas de escorpiões. O Jornal da Paraíba conversou com o biólogo Adriano Medeiros de Souza, doutor em ciências biológicas e integrante da equipe do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campina Grande. Ele explicou o que fazer se for picado por um escorpião, quais os sintomas, quando e onde buscar atendimento. 

Um balanço divulgado pelo Ciatox mostrou que, no primeiro semestre de 2023, 953 casos de picadas de escorpião foram registradas em Campina Grande, sendo em 556 mulheres e 397 em homens. Esse número leva em consideração os períodos de picos que esses animais têm, sendo um no verão, em que os filhotes estão perto da vida adulta e, no inverno, quando saem para buscar parceiros. 

O que fazer em caso de picada de escorpião?

Adriano explica que “o que pode ser feito após um acidente causado por escorpião é primeiramente lavar o local da picada com água e sabão, a fim de evitar qualquer tipo de infecção na região. Se possível, recomenda-se que a vítima capture o animal que causou o acidente e leve para a unidade de saúde, pois a correta identificação da espécie causadora do acidente é muito importante para o tratamento”. 

Ele também relata que uma compressa morna no local da picada também pode ser realizada logo após o acidente e alerta que a vítima deve procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível.

Quais os sintomas da picada do escorpião

O biólogo falou que, de maneira geral, os acidentes causados por escorpiões são leves, com dor local na maioria dos casos. As vítimas podem apresentar:

• Sensação de formigamento ou dormência na região da picada;
• Dor;
• Sudorese localizada.

 Nesses casos, o tratamento sintomático é efetivo na reversão dos sintomas.

Quando é preciso buscar atendimento médico

Adriano recomenda que a pessoa que tenha sofrido uma picada de escorpião sempre procure uma unidade de saúde para atendimento, pois existem casos em que, além dos sintomas já citados, a vítima pode apresentar:

• Náuseas;
• Vômitos;
• Taquicardia;
• Sudorese em todo o corpo, podendo evoluir para edema agudo de pulmão.

Para as vítimas que apresentam esses sintomas existe o soro antiescorpiônico, que é seguro e efetivo para a reversão dos sintomas, quando aplicado a tempo. Adriano lembra que, por isso, é fundamental que as vítimas busquem uma unidade de saúde o mais rápido possível, pois a efetividade do soro está diretamente relacionada com o tempo de administração após a picada.

Ele ainda comenta que “no Brasil existem quatro espécies de importância médica, sendo que na Paraíba temos o registro de uma espécie, o escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus), que pode ser encontrada em todo o estado. Ao contrário das outras espécies de escorpião que ocorrem no estado, essa espécie é capaz de levar uma pessoa a óbito”.

O biólogo ressalta que as mortes causadas por essa espécie de escorpião estão relacionadas aos grupos de risco, como crianças abaixo dos 7 anos de idade, idosos e imunodeprimidos que constituem o grupo de risco para esse tipo de acidente e, portanto, requerem atenção redobrada.

Onde procurar atendimento na Paraíba

As vítimas picadas por escorpiões podem buscar atendimento em:

•  Hospital Universitário Lauro Wanderley em João Pessoa;
•  Hospital Regional de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes em Campina Grande;
•  Hospital Regional Deputado Janduy Carneiro em Patos;
•  Hospital Distrital Dr. José Gomes da Silva em Itaporanga;
•  Hospital Regional Dr. Deodato Cartaxo em Cajazeiras;
•  Hospital e Maternidade Santa Filomena em Monteiro;
•  Hospitais Regionais de Picuí e Guarabira.

Escorpiões encontrados na Paraíba

A Paraíba tem o registro de 11 espécies de escorpiões. Mesmo que só o escorpião-amarelo-do-nordeste seja capaz de levar uma pessoa à morte, todas as outras podem causar acidentes, pois são capazes de picar os seres humanos e injetar peçonha. As espécies encontradas na paraíba são:

• Tityus stigmurus;
• Tityus brazilae;
• Tityus martinpaechi;
• Tityus neglatus;
• Tityus pusillus;
• Jaguajir rochae;
• Ananteris franckei;
• Ananteris mauryi;
• Physoctonus debilis;
• Bothriurus asper;
• Bothriurus rochai.

O escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus), por ser o principal de importância médica, tem um nome comum, as outras espécies são conhecidas apenas por seus nomes científicos. Adriano reforça mais uma vez: em todo acidente com escorpião, procure uma unidade de saúde o mais rápido possível.

O que fazer para evitar os escorpiões

Em entrevista à TV Cabo Branco, o professor e biólogo do Ciatox, Rodrigo Galvão, explica que, por ser um animal muito adaptado ao meio urbano, existem quatro formas de evitar a presença dos escorpiões, que são: 

• Evitar dar acesso ao animal, tampando frestas de parede, fechando ralos de pias e banheiros quando não estiver usando, investigar roupas antes de usá-las;
• Evitar dar alimento, mantendo a casa sempre limpa, evitando a proliferação de baratas que são as principais presas desse aracnídeo;
• Evitar dar abrigo, não juntando entulho na rua ou dentro de casa que podem ajudar na proliferação do escorpião;
• Evitar o acúmulo de água, pois, ambientes úmidos ajudam esses animais.