Saúde mental vale ouro.

O stress é uma resposta fisiológica e comportamental normal a algo que aconteceu ou está para acontecer que nos faz sentir ameaçados ou que, de alguma forma, perturba o nosso equilíbrio. Quando nos sentimos em perigo real ou imaginado, as defesas do organismo reagem rapidamente, num processo automático conhecido como reação de “luta ou fuga” ou de “congelamento”, é a resposta ao estresse. 

A princípio, o stress pode ser positivo, mas quando passa do ponto e passa a ser uma constante ele este deixa de ser proveitoso e começa a prejudicar gravemente a saúde.  Alterações de humor,  produtividade no trabalho diminuída, problemas nos relacionamentos e na qualidade de vida, em geral.

“Saúde mental é poder dizer não a certas coisas que não são aceitáveis. E não tentar loucamente se adaptar a elas”. Foi o que ponderou Vera Ianoconelli doutora  em psicologia pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise ao avaliar a desistência de Biles da final Olímpica.

Simone Biles abre mão das finais olímpicas no Japão pela sua saúde mental
Rio de Janeiro – Simone Biles durante treino da seleção de ginástica artística dos Estados Unidos na Arena Olímpica dos Jogos Rio 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Nervosismo, dor de barriga, cansaço, tontura, falta de apetite… Você certamente já sentiu alguns desses sintomas em uma situação de estresse, não é? Agora, imagine viver com esses incômodos o tempo todo – e pior: seu trabalho ser o gatilho de tudo isso.

Considerada a maior ginasta da história dos Estados Unidos aos 24 anos, Simone Biles decidiu não competir na final individual geral das olimpíadas de Tóquio. Biles já vinha demonstrando sinais de que sua saúde mental não estava bem um dia antes de quando ela se retirou da competição. “Também temos que nos concentrar em nós mesmos, porque, no final do dia, também somos humano. Então, temos que proteger nossa mente e nosso corpo, ao invés de apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos.” Disse ela ao anunciar sua decisão.

O que aconteceu com a Simone é mais frequente que a gente imagina.

Evidentemente que estar num esporte competitivo, a cobrança de repetir resultados dos últimos jogos pesou para Simone. Quatro vezes campeã olímpica, Simone Biles revelou não confiar tanto em si como em outrora. A ginástica é obviamente exigente fisicamente, e tem uma alta taxa de lesões, mas também é extremamente difícil psicologicamente. Muitos dos movimentos podem até mesmo matar um atleta e principalmente quando corpo e cérebro não atuam em perfeita harmonia.

O abalo à saúde mental é mais frequente no ambiente corporativo

Uma pesquisa  feita pela universidade de Havard nos Estados Unidos mostrou que 44% dos trabalhadores dizem que sua saúde é afetada pelo trabalho. Aqui no Brasil, segundo uma pesquisa do ISMA, Instituto que estuda o assunto, estima que 34% do brasileiros sofrem do problema.

Quando a gente fala em estresse, a International Stress Management Association fez uma pesquisa com trabalhadores do setor de finanças, indústria e saúde. Os resultados preocupam, quase 70% dos participantes disseram que o trabalho era a maior fonte de estresse, afetando a qualidade de vida e a saúde. Nessa pesquisa, 89% dos entrevistadores disseram ter dores musculares e dores de cabeça, 72% relataram cansaço e 39% problemas para dormir.

Os sintomas não param no físico, eles também atingem a saúde emocional. 86% desenvolveram ansiedade, 81% angústia e 70% irritação.

Como consequência dessas perturbações na saúde mental, cerca de 59% disseram que acabavam usando álcool ou alguma droga, remédio controlado ou mesmo cocaína e maconha. É como se a pessoa estivesse num nível de pressão tão alto que ela precisa se anestesiar um pouco.

Burnout, também é  conhecido como síndrome do esgotamento profissional, foi incluído na classificação internacional de doenças da organização mundial da saúde (OMS). A lista, elaborada pela OMS é baseada nas conclusões de especialistas de todo o mundo e utilizada para estabelecer tendências e estatísticas de saúde. A nova versão da classificação entra em vigor em 2022.

O que é o estresse e como eleve pode afetar a saúde mental?

O estresse é uma resposta fisiológica e comportamental normal a algo que aconteceu ou está para acontecer que nos faz sentir ameaçados ou que, de alguma forma, perturba o nosso equilíbrio. Quando nos sentimos em perigo real ou imaginado, as defesas do organismo reagem rapidamente, num processo automático conhecido como reação de “luta ou fuga” ou de “congelamento”, é a resposta ao estresse.

A princípio, o stress pode ser positivo, mas quando passa do ponto e  se torna constante ele este deixa de ser proveitoso e começa a prejudicar gravemente a saúde.  Alterações de humor,  produtividade no trabalho diminuída, problemas nos relacionamentos e na qualidade de vida em geral são alguns dos sintomas do Burnout.

É verdade que os hormônios tem papel chave no estress?

Na presença de qualquer ameaça o cérebro aciona o sistema nervoso simpático, diferente do sistema nervoso central que faz um controle consciente, o sistema nervoso simpático regula as funções do nosso organismo independentemente da nossa consciência.

O sistema nervoso autonômico aumenta a produção de cortisol e adrenalina pelas glândulas suprarrenais, os batimentos cardíacos e a respiração aceleram, a pressão sobe e os músculos se contraem. Essa resposta dura pouco tempo e tende a voltar ao normal em alguns minutos. Mas em situações de estresse crônico essa resposta é exagerada.

Os hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina reduzem o calibre dos vasos e, em longo prazo, potencializa o risco de hipertensão e arritmias cardíacas.

O cortisol faz o corpo aumentar o estoque de  triglicérides além de fazer com que o pâncreas aumente sua produção de insulina. Essa condição, chamada de resistência insulínica, pode levar ao diabetes. O hormônio ainda diminui a função dos leucócitos – células de defesa – deixando o organismo à mercê de vírus e bactérias.

Outros efeitos negativos do excesso de tensão no organismo são a queda do desempenho cognitivo, as disfunções da tireoide, problemas de pele, disfunção erétil e menor função reprodutiva, rigidez muscular, problemas gastrointestinais e ossos enfraquecidos.

Principais sintomas

Terapia deve fazer parte do tratamento do Burnout
Terapia deve fazer parte do tratamento do Burnout ( imagens internet)

Além de conter riscos para a saúde, o estresse nos deixa exaustos. Nosso corpo não pode responder ao ritmo que impomos e claro, vai começar a dar sinais.

  • Fadiga contínua
  • Alterações na libido
  • Problemas digestivos
  • Lesões de pele
  • Perda de memória
  • Ganho de peso
  • Insônia
  • Perda de cabelo
  • Dor nas costas

O coração e o cérebro são os órgãos mais afetados.

Portanto, no coração ele age elevando ainda mais o risco de infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Já no estômago  ocorre uma  diminuição sua funcionalidade, aumentando a liberação de suco gástrico. Esse líquido, em excesso e sem o seu estímulo natural (alimento), corrói o próprio estômago, favorecendo o aparecimento de uma gastrite ou até mesmo de uma úlcera gástrica.

Um cérebro estressado libera cortisol e se o organismo continua desregulado, o que pode provocar ansiedade, alterações no sono e até atrapalhar a cognição, causando problemas de memória e concentração.

O que fazer diante de uma situação dessas? Saúde mental vale ouro

Algumas dicas são fundamentais.

  1. Praticar exercícios: pelo menos 30 minutos por dia pode ajudar a controlar pressão, diminuir o efeito dos hormônios no coração e vasos e além de atuar na higiene mental.
  2. Comer os alimentos certos.: diante de tanto desequilíbrio hormonal, comer alimentos saudáveis é uma forma de diminuir o estresse oxidativo que aumenta a incidência de doenças cardiovasculares e câncer.
  3. Descansar: é fundamental. Dormir pelo menos 8 horas por dia e ter pequenas pausas durante a jornada de trabalho são formas de evitar o estresse prolongado
  4. Investir em calmantes naturais: meditação, chás e outras terapias complementares podem auxiliar nesse processo.
  5. Fazer terapia: sempre recomendo ajuda profissional quando tem sido difícil lidar com essas situações.
  6. Ter tempo para o lazer: tempo livre para o lazer semanal é uma das prioridades.
  7. Administrar melhor o tempo.