SAÚDE ALERTA
Quando a medicina ainda está em teste
O que são tratamentos experimentais e como participar de um estudo clínico
Publicado em 20/07/2025 às 22:32 | Atualizado em 21/07/2025 às 8:07
Por Dr. André Telis – médico, professor da UFPB, pesquisador e comunicador em saúde

A morte da cantora Preta Gil neste domingo (20), após uma longa batalha contra um câncer agressivo, trouxe à tona um tema delicado, mas muito importante: os tratamentos experimentais. A artista, que inspirou o Brasil com sua força e coragem, havia viajado recentemente para os Estados Unidos em busca de um protocolo inovador. Mas o que exatamente significa isso? E como uma pessoa pode ter acesso a esse tipo de tratamento?
O que é um tratamento experimental?
Na medicina, chamamos de tratamento experimental aquele que ainda está em fase de pesquisa. Isso inclui novos medicamentos, vacinas, terapias genéticas ou mesmo cirurgias que ainda não foram oficialmente aprovados pelas agências reguladoras — como a Anvisa (no Brasil), a FDA (nos Estados Unidos) ou a EMA (na Europa).
Esses tratamentos são testados dentro de ensaios clínicos, que seguem regras éticas e científicas rigorosas. Antes de serem oferecidos ao público, eles precisam passar por várias fases para provar que funcionam, que são seguros e que oferecem mais benefícios do que riscos.
Quando se recorre a esse tipo de tratamento?
Geralmente, quando todas as opções convencionais de tratamento foram esgotadas. É uma decisão difícil, que envolve riscos e incertezas, mas que pode representar uma última esperança para pacientes com doenças graves, como alguns tipos de câncer.
Muitas vezes, os estudos experimentais ainda não estão disponíveis no Brasil — e por isso alguns pacientes buscam alternativas no exterior. Foi o caso de Preta Gil.
Como funciona um estudo clínico?
Todo estudo segue um protocolo de pesquisa, que define quem pode participar (por exemplo, pessoas com determinada doença, idade ou estágio da enfermidade), quais testes serão feitos, como será o acompanhamento e quais são os riscos e benefícios esperados.
Antes de entrar no estudo, o paciente precisa assinar um termo de consentimento livre e esclarecido. É como um contrato transparente, que explica tudo sobre o estudo e garante que a pessoa pode desistir a qualquer momento.
Onde encontrar esses estudos?
Você pode encontrar informações sobre estudos clínicos em andamento nos seguintes lugares:
• 🔍 clinicaltrials.gov – banco internacional de estudos abertos no mundo todo
• 🏥 Sites de hospitais universitários e centros de pesquisa, como o Hospital das Clínicas da USP, o INCA, a Fiocruz e outros
• 💻 Plataformas brasileiras como o ReBEC (Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos): ensaiosclinicos.gov.br
Participar é seguro?
Todo estudo precisa passar pela aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa. Mesmo que o tratamento ainda esteja em teste, há uma estrutura de cuidado ao redor do paciente, com acompanhamento médico e suporte.
Ainda assim, é importante entender: participar de um estudo não é garantia de cura. Pode ajudar — mas também pode não surtir efeito. Por isso, é sempre uma decisão que deve ser tomada com muita responsabilidade e apoio da equipe médica.
Por que é importante falar disso?
A história de Preta Gil toca o Brasil não só pela dor da perda, mas pelo símbolo de coragem e esperança que ela representa. Falar de estudos clínicos é também falar do avanço da ciência, da busca por novas curas e da importância da pesquisa médica.
E mais: é um convite para que o Brasil invista mais em inovação, para que menos pessoas precisem sair do país em busca de esperança.
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