SAÚDE
Vício em pornografia: especialistas apontam os riscos e como procurar ajuda
Entenda os sintomas e os efeitos que o vício causa na vida das pessoas.
Publicado em 20/09/2025 às 15:06 | Atualizado em 20/09/2025 às 15:18

Ter hábitos prazerosos e que fazem parte de uma rotina saudável, é positivo. Repeti-los em alguma medida, para aliviar o estresse do cotidiano e “desconectar” dos problemas também. No entanto, quando um hábito se torna um vício e sai do controle, não há nada saudável ou positivo em suas repetições. É o que aponta especialistas em relação ao vício em pornografia.
No Brasil, estima-se que 22 milhões de pessoas consomem pornografia. Desse total, 76% são homens e 24% são mulheres. Em termos de faixa etária, a estimativa é de que a maioria dos consumidores tem entre 25 e 34 anos.
Veja abaixo a porcentagem de pessoas que consomem pornografia por faixa etária:
- 18 a 24 anos: 27, 72%;
- 25 a 34 anos: 28,71%;
- 35 a 44 anos: 20,79%;
- 45 a 54 anos: 15,84%;
- 55 anos ou mais: 6,93%.
O Jornal da Paraíba conversou com uma psicóloga, especialista no problema, que falou sobre como identificar um vício e, posteriormente, procurar ajuda.
O que é o vício em pornografia
De acordo com a psicóloga e sexóloga Danielle Azevedo, um comportamento para se caracterizar como vício precisa ter uma repetição e, mais profundamente, uma repetição que traz desgaste, sofrimento e inconformidade para alguém.
“Todo vício, na verdade, é um movimento repetitivo daquele tipo de comportamento, só que de forma excessiva. Então, a partir do momento que eu penso de forma disfuncional naquele ato, ao ponto de atrapalhar minha rotina, o meu movimento, a minha qualidade de vida, interferência de sono, dou prioridade para o ato, por exemplo, viver essa experiência e não necessariamente outras coisas que fazem parte da minha vida, eu estarei, sim, falando já de um vício”, disse.
A especialista explicou que o vício, especificamente de pornografia, traz junto além da repetição e dos problemas descritos, também uma perda de prazer. Isso porque, segundo ela, devido a compulsão, o ato em si de consumir e se masturbar assistindo a um vídeo pornográfico, se torna mecânico.
“O paciente tem a necessidade de realizar aquilo como um fator de recompensa, em formato de recompensa. A necessidade secundária que envolve o prazer de ejacular, às vezes pode não estar sendo situada no percurso que envolve, por exemplo, a manipulação desse rapaz com a própria genitália. Eles não estão interessados, na maioria das vezes, no percurso, no prazer, no apreciar a vivência, mas sim, unicamente, exclusivamente, na realização final, que envolve a ejaculação e a sensação de descarga”, ressaltou.
Sintomas do vício em pornografia
Em relação aos sintomas associados ao vício em pornografia, Danielle Azevedo explicou que existem vários, todos eles negativos ao ser humano. Veja abaixo os sintomas elencados:
- Ansiedade;
- Alteração de sono;
- Menor sociabilidade;
- Menor interesse em se relacionar sexualmente com outras pessoas.
Um outro sinal de que um comportamento está atrapalhando e é um sintoma do vício é a fuga em locais de rotina do indivíduo justamente para cometer o ato.
“Então há situações até de fuga, por exemplo. A gente sabe que isso é fugir muito da regra que envolve a qualidade de vida, onde estou dando prioridade a uma situação que envolve a minha mania em torno da pornografia e não necessariamente do que promove a minha qualidade de vida”, explicou.
Os efeitos do vício em pornografia no relacionamento

Ainda de acordo com Danielle, há diferentes efeitos da prática compulsiva nas mais diferentes idades. Segundo ela, o comportamento de adolescentes viciados é diferente do de pessoas adultas, que são casadas, que também têm o mesmo vício.
“Sem dúvida alguma, interfere diretamente na qualidade dessa relação, não somente com a parceira, já que estão situando aí numa relação afetiva de conjulgalidade. acima de tudo porque dependendo de como esteja sendo essa vivência acaba tendo uma espécie de projeção desse tipo de hábito no comportamento. Então é interessante que essa avaliação seja feita pela própria pessoa no sentido de entender até que ponto isso está interferindo negativamente, de forma direta ou não, no relacionamento”, contou.
A especialista explicou também que ao notar quaisquer dos comportamentos apontados, é necessário ajuda psicológica e diálogo com a parceira ou o parceiro, para que exista compreensão e uma resolução do problema.
O que também pode afetar a relação com o vício é a disfunção erétil. Isso porque, com a repetição, o paciente vai conseguir atingir determinado estado de excitação somente com a pornografia.
“Essa disfunção erétil muitas vezes é provocada por uma condição psicológica. Justamente porque esse paciente desenvolveu uma crença central em torno da utilização de pornografia para ele alcançar o ápice de seu prazer. Então eu preciso obedecer esse percurso para que eu alcance a ejaculação”, contou.
Como procurar ajuda pelo vício em pornografia
De acordo com a especialista, é necessário primeiro ter acesso à informação para saber lidar com o vício e procurar ajuda.
“A gente tem aí uma vasta sequência de informações relacionadas ao tema que faz com que as pessoas reflitam melhor sobre o assunto. melhor do que os informes para que essas pessoas realmente reflitam. E, em caso de dificuldade, até mesmo de evoluir para uma melhora desse quadro clínico”, ressaltou Danielle Azevedo.
Outra especialista, a psicóloga Aline Arruda, explicou que é necessário também educação sexual para compreender toda a situação.
“Educação sexual saudável. Muitas escolas e muitos pais, por exemplo, têm medo de ter educação sexual porque acham que vai ensinar sexo para as crianças. Mas está ensinando sobre o corpo, né? Sobre não deixar uma pessoa chegar perto, não tocar em algumas partes. E aí sim, a pessoa precisa desenvolver uma autoconsciência e limites em relação ao monitoramento do tempo online para tudo, para o tempo que ele fica acessando rede social, para o tempo que ele fica acessando pornografia”, considerou.
Por último, a especialista também disse que é necessário construir laços sociais fortes, para que sejam uma rede de apoio onde a pessoa possa se abrir para procurar médicos e especialistas posteriormente.
“Fortalecimento de vínculos afetivos e sociais reais para reduzir esse isolamento. A pessoa conseguir dialogar, conseguir conquistar, conseguir paquerar de uma forma lúcida, sem a fantasia ilusória que as redes sociais colocam, a internet coloca, vídeos de pornografia colocam. O cultivo de intimidade nos relacionamentos, comunicação, cuidado, respeito, conquista constante”, ressaltou.
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