TECNOLOGIA
Dedos a mais são frequentes entre casos de má-formação genética, dizem estudos
Em Pelotas (RS) há um caso para cada 640 nascimentos. Em Maceió (AL), incidência é de um a cada 250.
Publicado em 24/03/2010 às 14:43
Do G1
Nascer com alguns dedos a mais é um dos problemas mais comuns de má formação genética dos membros, mostram pesquisas brasileiras realizadas em Pelotas (RS) e em Maceió. Os estudos indicam que há um caso para cada 640 nascimentos na cidade do Sul, enquanto a ocorrência é de um a cada 250 na capital alagoana.
O problema, que se chama polidactilia, chamou a atenção nesta terça-feira (22) após a divulgação de um caso na China em que um menino tinha 16 dedos nos pés e 15 nas mãos. Ele foi operado e teve os dedos em excesso extraídos.
Segundo o médico Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, a polidactilia é uma alteração genética e está ligada à hereditariedade. “Quando esse menino [da China] crescer, há 50% de chance de ele ter um filho com o mesmo problema”, afirma.
O especialista explica que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não há fatores externos que possam desencadear a alteração. “Existe muita lenda. Não é porque a pessoa tomou álcool durante a gravidez, por exemplo, que isso vá influenciar”, conta.
De acordo com Raskin, os casos mais comuns são os em que a pessoa nasce com apenas um dedo a mais em cada membro. “Esse caso da China é chamado de polidactilia severa”, conta.
Em grande parte dos casos, os dedos que nascem a mais funcionam bem. De acordo com Raskin, contudo, a cirurgia para a extração do membro sobressalente costuma ser recomendada. “Além do problema físico, há a questão estética. Isso [a polidactilia] gera muito impacto psicológico.”
Pesquisas
Segundo o estudo realizado no Sul pela Universidade Federal de Pelotas, de 51,9 mil pessoas que nasceram na cidade entre 1990 e 1998 houve 81 casos de polidactilia (um para cada 640). A maioria (82,5%) deles ocorreu apenas na mão, enquanto 9,4% das crianças tiveram problemas nos pés e 8,1% apresentaram a má-formação em ambos os membros.
Já em Maceió, uma pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco feita com 2500 crianças nascidas entre 2002 e 2003 registrou dez casos (um a cada 250). A polidactilia se mostrou a doença de má-formação dos membros mais frequente depois do pé torto congênito, que ocorreu em 18 crianças durante o período analisado.
O resultado de ambos os estudos é semelhante ao registrado em outras partes do mundo. Uma pesquisa realizada paralelamente nos EUA e na Suécia em 1985 e 1986 mostrou que, de 34.457 nascimentos observados, 147 apresentaram polidactilia (um a cada 234).
Segundo a pesquisa, realizada pela Universidade do Alabama, nos EUA, em parceria com a Universidade de Uppsala, na Suécia, a incidência desse tipo de má-formação costuma ser maior nos negros e nos homens. Nos bebês afrodescendentes do sexo masculino, a incidência chegou a ser de um para cada 76.
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