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TECNOLOGIA

Médico recomenda banho morno para combater o calor

Aumento da temperatura do corpo deixa raciocínio mais lento, diz médico. Mês de março é o mais quente em São Paulo nos últimos 66 anos.

Publicado em 09/03/2009 às 8:34

Do G1

Em São Paulo, este é o mês de março mais quente dos últimos 66 anos. A capital paulista registrou temperatura de 32ºC às 11h30 de quinta-feira (5). Em várias cidades do país, a temperatura também bateu recordes. “Está muito quente também”, comentou o vendedor ambulante Ezequiel Nascimento.

Com a ajuda de uma câmera especial, é possível mostrar como fica quente o boné do ambulante sob o sol escaldante. Nas imagens com a câmera, os tons azuis exibem os pontos mais frios e os vermelhos, os mais quentes. “Deve estar uns 30ºC, por aí. Minha água eu acho que está nesta faixa: 28ºC ou 29ºC”, previu o vendedor ambulante.

“A água está em 14ºC, mas só por curiosidade no seu boné está 45ºC”, informou o supervisor de vendas Macson Guedes ao vendedor. “Minha cabeça está quente”, confirmou o ambulante.

A câmera de Macson Guedes tem sensores que indicam por meio de cores a temperatura na superfície do que está sendo filmado. O chão, por exemplo, chega a 51ºC e aparece vermelho no trânsito. Não é de espantar que em Paranavaí, no Paraná, o asfalto tenha derretido.

“Eu uso roupa preta desde a adolescência, porque eu curto muito rock. Estou muito acostumado”, disse o motoboy Sidney Inácio da Silva. Gosto musical à parte, preto com este calor não combina.

Retenção de calor


“As superfícies mais escuras, tanto dos tecidos quanto dos carros, absorvem mais energia do que as superfícies ou as cores mais claras. Isso vai aumentando a temperatura desses corpos”, explicou o médico Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O topo da cabeça das pessoas ferve com o sol batendo direto. Mas o que acontece com o corpo em situações assim? “A gente tenta perder calor através da transpiração. Como não consegue perder este calor, transpira mais, mais e mais. Você vai entrando em um quadro de desidratação”, alertou o médico Paulo Zogaib.

“Dá uma moleza. Chega o horário de 12h ou 13h, dá um sono. A pessoa fica fraca mesmo”, disse o cobrador de ônibus Washington Barbosa.

“O aumento da temperatura corpórea faz com que a nossa produção de energia, os nossos pensamentos, as sinapses cerebrais, diminuam a sua eficiência. Então, a gente vai ficando com o raciocínio mais lento. O organismo vai também diminuindo sua capacidade de fazer trabalho. Você vai tendo fadiga, cansaço, moleza e tontura”, acrescentou Zogaib.

Banho morno


“Esses dias até passei mal por causa do calor. Tomei uns três a quatro banhos por dia. Banho frio, gelado”, contou a operadora de telemarketing Daiane Rodrigues. Um conselho: é melhor tomar banho morno. A água gelada em contato com a pele quente exige um ajuste do organismo. Isso, em vez de refrescar, gera mais calor depois do banho.

“A gente sai do banho gelado e, de repente, você começa a sentir calor de novo, começa a transpirar de novo, porque o organismo está com o metabolismo aumentado. Colocar um líquido gelado internamente vai facilitar mais ainda a perda de calor, ou a baixa da temperatura”, ensinou o médico Paulo Zogaib.

Os termômetros ultraprecisos são capazes de medir além da temperatura do ambiente. Eles medem a sensação térmica de cada um em um dia quente. A reportagem do Fantástico os levou para a rua com dois pesquisadores da Universidade de São Paulo para saber quanto calor as pessoas realmente estão sentindo.

As cobaias foram o motorista de ônibus Teodécio de Sá, o office-boy Daniel Marques e a passadeira Iramar Melo. “Dá vontade de você largar e sair correndo para fora. É um calor enorme”, reclamou o motorista.

“Você pode estar sentindo mais calor do que o termômetro apresenta. Depende de um monte de parâmetros, como umidade, radiação, velocidade do ar. Tudo isso influi como você sente e percebe a temperatura”, afirmou Zogaib.

No ônibus, com a falta de vento, o termômetro marcava 32ºC, mas a sensação de calor é bem maior. “Chega quase a 40ºC”, disse Sá. Na rua, a temperatura era de 36ºC, mas com o sol a sensação térmica é de mais calor. “Ele está entre 45ºC e 49ºC”, calculou o office boy Daniel Marques.

Na lavanderia, foi o vapor que piorou tudo: 32ºC no termômetro, mas com uma sensação de “45ºC de desconforto”, disse a passadeira Iramar Melo. “Eu fico pensando no que melhoraria? Ir à praia? Com certeza. Vou chamar minhas funcionárias, fechar a loja e vamos para a praia”, comentou a proprietária de uma lavanderia, Cátia Cilene de Jesus.

Imagem

Jornal da Paraíba

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