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TECNOLOGIA

Médicos criam anestesia superpoderosa, que dura uma semana

Medicamento poderá ajudar a combater dores pós-operatória e crônica. Ao G1, líder da pesquisa disse que precisa fazer mais testes em animais.

Publicado em 14/04/2009 às 8:26

Do G1

Todo mundo sabe que a recuperação de uma cirurgia é um processo sobretudo dolorido. Isso porque, uma vez que passa o efeito da anestesia, o paciente tem de lidar com a dor de ter um corte ainda em processo de cicatrização. Mas e se o efeito anestésico não passasse até que a dor tivesse ido embora? É exatamente essa a meta de um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos.

Liderados por Daniel Kohane, do Hospital Infantil da Escola Médica de Harvard, em Boston, Massachusetts, os médicos conseguiram desenvolver uma anestesia local que dura até sete dias e meio, sem trazer quaisquer problemas tóxicos a seus pacientes -- que, infelizmente, por ora eram apenas ratos. Mas os cientistas querem pisar fundo, iniciando rapidamente mais testes com animais para obter liberação para experimentos com seres humanos.

"Provavelmente vamos fazer com coelhos e talvez ovelhas. Devemos começar em poucos meses", disse Kohane em entrevista ao G1.

O desafio


A grande complicação era desenvolver uma droga que pudesse ser absorvida lentamente pelo organismo -- aumentando a duração do efeito -- sem trazer efeitos tóxicos. A resposta encontrada pelo grupo de Kohane foi encapsular uma substância chamada saxitoxina (conhecida pela sigla STX) em pequenas bolhas similares a minicélulas, chamadas de lipossomos.

A STX é conhecida por seu poderoso efeito anestésico local, com pouca toxicidade. E o esquema de liberação da droga, com os lipossomos, parece ter funcionado muito bem -- os cientistas confirmaram isso após a necrópsia dos ratos envolvidos na pesquisa. Os resultados estão num artigo técnico publicado na edição desta semana do periódico da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "PNAS".

A expectativa do grupo é que o mesmo sucesso obtido com ratos vá se manifestar em humanos. "Os dados sugerem que o efeito será ainda mais duradouro em humanos do que em ratos, principalmente porque é possível injetar mais da substância em um ser humano do que em um roedor", explica Kohane.

O médico americano aposta que medicamentos anestésicos, como esse, podem ter um papel importantíssimo não só nas operações (no momento da cirurgia e na recuperação pós-operatória), mas também em esforços para o tratamento de dores crônicas. Mas, claro, para isso, ainda será preciso testar mais e verificar se a segurança no uso, assim como o efeito terapêutico, irá se manifestar no organismo humano da mesma maneira que aconteceu com os ratinhos.

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Jornal da Paraíba

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