Quando o leite faz mal à saúde

“Era tomar um sorvete, comer uma pizza ou um simples café com leite que as cólicas abdominais começavam. Com o tempo, as dores se tornaram tão insuportáveis que não conseguia levantar da cama”. A narração é da professora de literatura portuguesa Maria Luiza Teixeira Batista, 44 anos, que sofre de um problema de saúde que acomete 30% das pessoas: intolerância à lactose.

Há oito anos convivendo com a intolerância à lactose, Maria Luiza conta que no começo foi muito difícil. “Eu já cheguei a ficar muito mal mesmo, de ter crises continuadas de vômitos, ter febre e me medicar de forma errada, por achar que era uma simples má digestão”, comentou a professora.

Segundo o gastroenterologista, Gláucio Nóbrega, a intolerância à lactose é uma desordem metabólica onde a ausência da enzima lactase no intestino determina uma incapacidade na digestão de lactose (açúcar do leite e seus derivados).

“A lactose é o açúcar do leite que está presente tanto no leite integral quanto no desnatado e nos derivados do leite. Para processar a lactose, a pessoa precisa de uma enzima chamada lactase, senão ela irá fermentar no estômago”, disse.

Dentre os sintomas intestinais mais comuns para quem tem intolerância à lactose, elenca o especialista, estão a distensão abdominal e diarreia (ou à vezes constipação), distensão abdominal, gases, sensação de estufamento, náusea e sintomas de má digestão.

Gláucio Nóbrega explica que não há uma cura para a intolerância à lactose, principalmente por ela não ser considerada uma doença, mas uma deficiência, muitas vezes adquirida com o passar dos anos.

“A pessoa pode sempre ter comido alimentos com leites em sua composição e de uma hora para outra desenvolver a intolerância. Isso acontece porque a pessoa, no decorrer dos anos, deixou de produzir a enzima lactase”, afirma.

“Muitos pacientes estranham porque sempre tomaram leite e comeram queijo e de repente desenvolvem a intolerância à lactose, mas a severidade dos sintomas dependerá da quantidade de lactose ingerida, assim como da quantidade de lactose que seu organismo tolera”, explica
O problema, explica a professora, é conseguir diagnosticar por conta própria a doença, que tem sintomas parecidos com os de outras doenças. “Sentia que era má digestão. Até pensei que fosse alergia a alguma comida. Somente quando fui ao médico, há cerca de oito anos, que descobri que não conseguia processar o açúcar do leite e, por isso, sentia tantas dores”, comentou Luiza.