TECNOLOGIA
Tecnologia muda plantio de hortaliças na Paraíba
Projeto leva tecnologia e renda para agricultores do Cariri Paraibano.
Publicado em 18/07/2010 às 10:40
João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
Um projeto desenvolvido por professores e alunos da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina e com o apoio da Petrobras, tem modificado os cenários da comunidade Uruçu, na zona rural do município de São João do Cariri, localizado a 216 quilômetros de João Pessoa. A iniciativa começou a ser trabalhada há três anos, quando pesquisadores das universidades visitaram a região e perceberam que a área apresentava um dos menores índices pluviométricos do Estado.
O projeto ‘Água Fonte de Alimento e Renda, uma alternativa sustentável para o semiárido’ tem por objetivo fortalecer a produção de hortaliças e alimentos orgânicos, auxiliar no surgimento de novas tecnologias e contribuir para a preservação do planeta. Através da utilização do rejeito da água salgada retirada de poços artesianos, os pesquisadores desenvolveram uma forma de produzir alface, pimenta, tomate, coentro e cereja em meio à aridez nordestina.
A técnica utilizada é o da dessalinização da água e os sistemas hidropônicos, este último pioneiro no Brasil e desenvolvido em pesquisas feitas pelas duas instituições e estudada pelos professores do laboratório de Referência em Dessalinização (LABDES). Através do sistema, os sais minerais retirados da água no processo de dessalinização são enviados por ‘calhas’ (feitas com canos de PVC), que são perfuradas e servem para sustentar as hortaliças e leguminosas na localidade.
“Então nós acrescentamos alguns nutrientes nesses canais, para que as plantas sejam revitalizadas e cresçam ainda mais saudáveis, o que permite o crescimento dos produtos de forma orgânica e sem nenhum tipo de contato com o solo”, explicou um dos coordenadores da iniciativa e professor da UFCG, Képler Borges França.
Mas a água dessalinizada não é usada apenas para a produção dos produtos. Ela também serve para a criação de peixes de diversas espécies em tanques construídas com a ajuda da própria comunidade e de algas.
Para aprimorar as técnicas e propiciar ainda mais força as mais de 80 famílias beneficiadas com o projeto, os produtores se uniram em cooperativa. “Antigamente a gente sofria muito com a seca, porque a água não dava para beber e a plantação também ficava prejudicada com a seca. Agora a gente produz outros produtos e como a água é bastante e vem do próprio solo dá para vender a nossa produção tranquilamente”, comentou um dos produtores inseridos no trabalho, Erenilson Augusto.
“A ideia surgiu com o estudo do aproveitamento do concentrado da água retirado nos projetos de dessalinização. A água dali retirada fica pronta para o consumo potável e nós percebemos que poderíamos usá-la para outras finalidades, o que também traz benefícios para o meio ambiente na medida em que deixamos de usar esse mineral de outras fontes”, assinalou o professor Képler.
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