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VAMOS TRABALHAR

Conciliar emprego à área de estudos é alternativa em intercâmbios

Pagamento garante moradia, alimentação e turismo.

Publicado em 23/05/2010 às 7:50

Karoline Zilah

Em busca de crescimento profissional, muitos brasileiros buscam estágios ou trabalhos no exterior relacionados diretamente às suas formações acadêmicas. Este complemento dos estudos é visto pelas empresas e instituições estrangeiras como uma troca de experiências, e por isso muitas delas abrem as portas, inclusive remunerando seus empregados. Geralmente, o público-alvo compreende pessoas entre os 18 e 30 anos.

Veja no infográfico um levantamento dos programas de intercâmbio remunerado

Saiba como trabalhar durante as férias nos Estados Unidos

O pagamento, em dólar ou moeda local, é o suficiente para que o candidato à vaga garanta sua moradia, alimentação e até economize uma grana para fazer turismo, já que ninguém é de ferro. Foi o que aconteceu com dois paraibanos entrevistados pelo Paraíba1: Danilo Lima Dutra, que na época era estudante de Computação e conseguiu prorrogar a estadia na Europa conquistando mais de um estágio, e a turismóloga Juliana Freitas, de 30 anos, que aliou o aprimoramento em inglês a um emprego no setor hoteleiro no Canadá.

Estágio no exterior

Com um investimento de R$ 4,5 mil em passagens, taxas de inscrição e seguro de saúde, Danilo Luma Dutra (foto), que hoje tem 25 anos, saiu do Brasil rumo à Alemanha para assumir um estágio na área de Desenvolvimento de Software para Internet, na Universidade de Magdeburg, recebendo uma bolsa de 650 euros para uma carga de 8 horas de trabalho diariamente.

Ele destinava 200 euros para pagar o alojamento. Com o almoço, por exemplo, Danilo gastava 2 euros. Além disso, por ser estudante, tinha passe livre no transporte público. Sobrava cerca de 300 euros para a diversão. Nas folgas, ele viajava e conhecia gente de várias nacionalidades, inclusive muitos colegas brasileiros que viviam a mesma experiência.

Ele conseguiu a vaga na Alemanha por meio de um programa internacional de troca de oportunidades, onde cada estudante (de graduação ou pós) interessado em uma vaga no exterior oferece um trabalho em sua cidade local. Apesar de nunca ter viajado no exterior, ele se inscreveu no International Association for the Exchange of Students for Technical Experience (Iaste), que oferece a feira de estágios remunerados em 90 países. Este programa tem mais vagas para as áreas de Engenharia, Arquitetura, Informática, Física, Bioquímica, Farmácia, Matemática e Química.

Danilo foi admitido em um projeto de pesquisa no laboratório da universidade por dois meses, mas foi convidado pelo empregador a prorrogar o estágio por um mês, bancado por bolsa do governo alemão. Valorizando cada centavo, ele aproveitou que ainda não tinha sido chamado para o mestrado no Brasil e embarcou para a Inglaterra.

Com um visto especial de estudante, ele se matriculou em um curso de um mês em Londres. Além disso, montou um currículo em inglês e enviou para 40 empresas de desenvolvimento de software, sendo admitido para mais um estágio. “Embora eu tenha saído do Brasil com toda uma consultoria da minha agência de intercâmbio, as oportunidades foram aparecendo na Europa de forma inesperada. Então resolvi aproveitá-las e enriquecer ainda mais o meu currículo”, comentou.

Trabalhar e estudar

O intercâmbio Work and Study também é uma alternativa para quem quer aliar trabalho e estudos no exterior, como fez a bacharel em Turismo Juliana Freitas (foto), de 30 anos. Ela optou por um programa no Canadá de oito meses, de março a novembro, que dedicava quatro meses exclusivamente ao aperfeiçoamento em Inglês e quatro meses de trabalho. Ou seja: aprendia e ainda tinha como pagar as despesas.

Contudo, no primeiro período, não havia renda. Ela investiu cerca de R$ 10 mil, saindo do Brasil com garantias do curso de inglês em Toronto para a área de atendimento ao cliente de Turismo e com a vaga de trabalho garantida em um resort da cidade de Golden, na região montanhosa da costa oeste do país.

Nos primeiro quatro meses, foi necessário calcular gastos com acomodação e alimentação, arcados de seu próprio bolso. A recompensa veio no segundo período, quando ela passou a trabalhar no resort. A cada mês, Juliana assumiu uma função diferente, e assim teve experiência em diferentes setores. A remuneração dependia da tarefa, variando de 8 a 12 dólares por hora, em uma jornada de oito horas de trabalho por dia, com uma folga por semana. Recebia, em média, 2.160 dólares canadenses por mês, o que equivale a cerca de R$ 3.800.

No período em que trabalhou no hotel, Juliana optou por uma acomodação mais econômica, em casa de família (home stay). O valor que Juliana arrecadou foi suficiente para cobrir as despesas iniciais e, ainda, viajar pelo país durante mais um mês de estadia, em dezembro. No retorno ao Brasil, tinha inglês fluente e, por ter vivenciado o intercâmbio, abriu as portas para trabalhos neste novo nicho no mercado do Turismo em João Pessoa.

Para participar deste programa, o interessado não precisa ter vínculo estudantil nem formação superior. O nível de inglês exigido é o intermediário, já que o candidato irá ao país escolhido para se aperfeiçoar no idioma.

Dicas de 'sobrevivência'

Lidar com os imprevistos faz parte do processo de adaptação e crescimento pessoal, segundo as turismólogas Rafaella Lira e Patrícia Cavalcanti, empresárias à frente da agência de intercâmbio CI, em João Pessoa. Segundo elas, aprender a conviver com pessoas de hábitos e crenças tão diferentes, enfrentar invernos rigorosos e topar viagens como mochileiro, sem luxo, são alguns dos malabarismos que os intercambistas fazem para se dar bem onde quer que estejam.

“E quando você pensa que tudo está perdido, o mais interessante é encarar estes desafios como aventuras, barreiras a serem vencidas, pois esta é a oportunidade de alcançar o crescimento pessoal e profissional”, explica Rafaella.

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Jornal da Paraíba

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