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Eleições geram só 422 empregos formais; números são mascarados
Dados do início da campanha para governador não incluem prestadores de serviços que trabalham nas ruas. Bandeirinhas não estão declarados em prestação de contas.
Publicado em 07/08/2010 às 12:15
Karoline Zilah
Foi dada a largada para a corrida eleitoral. Enquanto os políticos correm em busca de votos, a população vê neste período a possibilidade de encontrar um emprego temporário nas campanhas de candidatos a deputados, senadores e governadores. O período de três meses até o término do pleito, de julho a outubro, promete ser responsável por um aumento significativo da mão de obra empregada direta e indiretamente pelas coligações.
Contudo, na tentativa de fazer uma análise sobre a quantidade de empregos gerados e do montante em circulação na economia estadual na campanha para o Governo do Estado, o Paraíba1 se deparou com números que não refletem a realidade do mercado de trabalho nestes meses.
É que muitas das pessoas envolvidas nos trabalhos nas ruas, como seguradores de bandeirinhas, não entram nas contas entregues pelos partidos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Consulte a prestação de contas detalhada no site do TSE
De acordo com os partidos dos cinco candidatos a governador que prestaram contas, foram pagos R$ 197,1 mil a 422 pessoas contratadas formalmente para serviços de pessoal e terceirizados. O candidato Marcelino Rodrigues (PSTU) não entregou a prestação de contas parcial. Lembrando que a previsão total de gastos declarada pelos partidos oficialmente ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) é de R$ 20,4 milhões.
Os números surpreendem porque não refletem a realidade vista pela população nas ruas de João Pessoa e Campina Grande, por exemplo, onde as propagandas são mais intensas. São centenas de pessoas trabalhando pelas cidades segurando bandeiras e fazendo adesivagem. Estes 'fantasmas' não entram nas prestações de contas das coligações por serem considerados 'militantes' que doam seus serviços em nome da causa dos pretendentes, quando na verdade muitos deles recebem pelos serviços que prestam.
Em contato com pessoas que seguram bandeiras nas ruas da Capital, o Paraíba1 apurou que estes trabalhadores recebem R$ 510 para trabalhar seis horas por dia, seis dias por semana, sem assinatura de qualquer tipo de contrato que possa comprovar o valor pago, por isso eles não constam na prestação de contas. Um destes funcionários revelou ao portal que a contratação é feita apenas por indicação dos candidatos a vereador.
Já durante a inauguração de um comitê, moças contratadas para segurar bandeirinhas revelaram que não têm acordo mensal com o candidato, mas que recebem R$ 20 por evento.
Consultados pelo Paraíba1, os partidos não informaram a estimativa de quantas pessoas estão engajadas nestes trabalhos de rua.
Números oficiais
Os números oficiais relativos às atividades dos dias 9 a 31 de julho foram apresentados online pelas coligações na primeira prestação de contas parcial, que foi divulgada nesta sexta-feira (6) no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A segunda acontece no dia 6 de setembro.
Nesta conta de R$ 2,8 milhõesgastos neste primeiro período, estão incluídos trabalhos de mão de obra especializada (distribuição de santinhos, segurador de placas, bandeirinhas, seguranças, motoristas, auxiliares de escritório e serviços gerais) até os profissionais de marketing eleitoral, publicitários, advogados, jornalistas, coordenadores de campanha, entre outros.
A realidade estende-se às empresas que prestam serviços terceirizados. Assim como em datas comemorativas, a exemplo do Natal e do Dia das Mães, as eleições movimentam o mercado de trabalho, pois demandam um maior número de funcionários para atender às encomendas dos candidatos.
Nesta 'boa fase' entram empresas de serviços gráficos, carros de som, equipamentos e serviços de manutenção de Informática, locação de imóveis, móveis e veículos, promoção de eventos, fornecimento de alimentação e material de expediente.
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