Estabilidade é atrativo dos cursos tradicionais

O surgimento de novos cursos de graduação nos últimos anos possibilita um leque maior de opções na hora de decidir qual profissão seguir. Apesar da ascensão das profissões 'da moda' ou 'do futuro', como são chamadas, as carreiras tradicionais ainda continuam sendo as mais escolhidas e, consequentemente, concorridas. Os cursos de Medicina, Direito e Engenharia permanecem no topo da preferência dos vestibulares, apesar do grande número de profissionais já atuando no mercado de trabalho.

A escolha por Medicina geralmente surge na infância, por vocação ou por influência externa, como ter pais médicos, por exemplo. Para os especialistas em estruturação de carreiras, é importante fazer algumas ponderações na hora de escolher a profissão. Ou seja, não adianta escolher medicina só porque o pai é médico. A primeira coisa é levar em conta se há habilidade pessoal para desenvolver determinada atividade. Esse ponto é essencial para levá-lo ao sucesso profissional.

O primeiro desafio para quem escolhe as carreiras tradicionais é enfrentar uma concorrência acirrada no vestibular, caso tente uma vaga em instituição pública. No Processo Seletivo Seriado 2012, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a concorrência para o curso de Medicina foi de 71,5 candidatos por vaga, a maior de todo o processo. Nas faculdades particulares, também não sobram vagas, apesar da mensalidade girar em torno de R$ 4 mil.

Apesar disso, segundo o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), ainda faltam médicos na Paraíba, sobretudo no interior do Estado. A maioria dos médicos prefere atuar em João Pessoa ou Campina Grande, onde há grande concentração desses profissionais. Vale ressaltar também que algumas especialidades carecem de médicos, como a pediatria, por exemplo. Os profissionais tendem a escolher a área que possibilita uma melhor remuneração.

Medicina foi a escolha de Givaldo de Lima, que está no 4º período do curso, em uma faculdade particular. Ele contou que a vontade de ser médico surgiu na adolescência, porém, a concorrência sempre acirrada o fez fazer vestibular para outro curso. “Decidi fazer licenciatura em Matemática, pois era o único curso que tinha à noite, e eu tinha de trabalhar”, afirmou. Givaldo se formou e garantiu sua estabilidade financeira, mas nunca desistiu do sonho de ser médico.

Hoje, aos 41 anos, ele se considera vitorioso. “Muitas pessoas acham estranho o fato de eu ter voltado à faculdade após os 40, mas não me arrependo disso em momento algum, apesar da dificuldade em conciliar as aulas de medicina com as aulas de matemática, que ministro na UFPB”, declarou. Givaldo passa oito horas por dia na faculdade e recebe o apoio da esposa e da filha.

Seu grande objetivo é ser cirurgião geral.

A coordenadora do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Emília Perez, disse que a procura pelo curso sempre supera as expectativas. “A verdade é que a cada ano o número de inscritos no vestibular cresce”, destacou. Atualmente, a instituição tem cerca de 630 alunos no curso de medicina, que exige muita disciplina e determinação. “Não dá para brincar no curso de Medicina”, afirmou.

De acordo com Emília, ao decidir por medicina, o aluno busca a realização de um sonho de muitos anos. “Os estudantes buscam essa realização profissional, o reconhecimento que a profissão de médico proporciona”, destacou. A inserção no mercado de trabalho, quase sempre garantida, é outro atrativo para quem se forma em medicina.