VAMOS TRABALHAR
Planejamento da carreira deve ser iniciado ainda na universidade
Bolsas de iniciação científica, programas de iniciação à docência, empresas júnior ou intercâmbio. As possibilidades são infinitas
Publicado em 03/05/2015 às 7:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:22
Bolsas de iniciação científica, programas de iniciação à docência, empresas júnior, intercâmbio. Muitas são as possibilidades abertas para os estudantes que, ainda dentro da universidade, já pensam em começar a construir uma carreira profissional de sucesso e, desde cedo, começam a trilhar seus próprios caminhos. Participar de um desses programas de extensão, de acordo com especialistas, torna o aluno muito mais preparado para entrar no mercado de trabalho e, inclusive, aumenta suas chances de conseguir um emprego ao concluir sua graduação.
Para o pró-reitor de graduação da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Eli Brandão, participar de algum tipo de programa de extensão oferecido na universidade, como bolsas de iniciação científica ou bolsa de iniciação à docência é fundamental para que o estudante já entre no mercado de trabalho, de alguma forma, destacado. "Depois que eles participam desses programas eles têm suas habilidades potencializadas e, assim, fica mais fácil conseguir uma vaga no mercado", pontua.
Um dos principais programas oferecidos pela UEPB, por exemplo, é o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que tem como objetivo incentivar a formação de professores para a atuação na educação básica e público-alvo os alunos que estejam cursando pelo menos o segundo período do curso. O processo seletivo é composto de três etapas: análise documental (apresentação de histórico acadêmico com CRE igual ou superior a sete), atividade escrita e entrevista. "Os alunos que são da iniciação à docência irão ter uma bagagem muito mais completa. É como se fosse um estágio, mas é um programa que a Capes dá uma bolsa e que visa fazer a inserção do graduado na escola pública. Não só os alunos recebem a bolsa, mas também o professor da escola pública", afirma o pró-reitor de graduação.
Uma outra alternativa para quem está cursando a universidade e deseja, de alguma forma, começar a trilhar uma carreira profissional são as empresas júnior. Na UFPB, por exemplo, existe a Empresa Júnior de Administração, a EJA. "O estudante tem a possibilidade de entrar no mercado antes de finalizar o curso, conseguindo assim aplicar os assuntos dados em sala. Ele ainda tem noção do funcionamento de uma empresa e do que cada área da administração pode oferecer. Toda a experiência, quer seja através das consultorias ou da gestão interna, torna o universitário que sai da EJA um estudante diferenciado no mercado, um empreendedor com vontade de mudança. E isso reflete na facilidade que todo ex-membro tem de se inserir no mercado e realizar coisas impactantes", afimra o diretor presidente da empresa, Lucas Bezerra.
Entenda como funciona a EJA
Pode participar da Empresa Júnior de Administração qualquer estudante devidamente matriculado no curso de graduação de Administração da UFPB. É feito um processo de seleção que segue as seguintes etapas: o período de inscrição, dinâmicas em grupo (um dia), entrevistas individuais (um dia) e o trainee. Quem passa para o trainee receberá treinamentos todos os dias à tarde durante aproximadamente três meses, fazendo dinâmicas e apresentações ao longo do processo. No final, cada equipe deve apresentar um Plano de Negócio de alguma empresa e passar por uma espécie de sabatina. Após isso, é decidido quem entra na empresa ou não.
A empresa funciona como qualquer empresa de consultoria. "Nossos serviços são divididos de acordo com algumas áreas da administração, sendo elas, Marketing, Qualidade, Gestão de Pessoas, Finanças e Estratégica, sendo os serviços realizados pelos membros, uma equipe pequena para cada consultoria, com a orientação de um professor por cada serviço", afirma o diretor presidente da empresa. "Também prospectamos e negociamos o serviço antes de seu fechamento. Além de realizar consultorias, cada departamento da empresa cuida de seu bem estar e funcionamento interno, por exemplo: gestão de pessoas e marketing que cuidam do desenvolvimento pessoal de cada membro e da imagem da empresa, respectivamente, possibilitando assim um aprendizado e crescimento dos membros também em gestão", explica.
Intercâmbio é, também, escola de vida
"A grande lição de passar por um processo de internacionalização é descobrir que o mundo não é só o Brasil. Os alunos amadurecem", comenta o assessor para assuntos internacionais da UFPB, José Antônio Rodrigues. "O intercâmbio é muito importante principalmente para os nossos alunos, que vivem em um país continental. Então, para onde a gente vai, se anda 4h, 5h de avião, mas você acaba no mesmo país, com a mesma língua. Os costumes diferem um pouco de um local para o outro, mas o brasileiro em geral não tem uma noção do que é um outro país. Tem uma noção apenas por meio dos filmes, das séres, e ali é uma realidade diferente", completa. "Existem outros países, existem realidades diferentes, e exigem realidades que exigem dele uma tomada de decisões. Quando você chega no exterior você tem que fazer tudo por si próprio. E, mais importante, em uma língua que não é a sua. É uma escola de vida", finaliza.
Além disso, claro, há o fato de em outro país, os alunos terem de desenvolverem suas habilidades em outras línguas, o que os torna ainda mais fluentes. Isso, no entanto, não exclui a necessidade de que, antes de se candidatar ao processo, os alunos já tenham um conhecimento prévio do idioma. De acordo com o assessor, há alunos, por exemplo, que vão para a Itália achando que o idioma é similar ao Espanhol mas que, ao chegarem lá, sofrem ao tentarem se comunicar. "É por você realmente estar preparado para isso e ter perspectivas realmente sérias", pontua.
Os intercâmbios oferecidos pela universidade duram, no máximo, um ano. Há duas opções para quem deseja se candidatar aos intercâmbios: o primeiro, é a possibilidade de se candidatar aos programas oferecidos pelo Santandar: são eles o Programa Bolsas Ibero-Americanas e o Programa Fórmula Santander. Ambos oferecem bolsas para Portugal, Espanha e países da América Latina. Enquanto que o primeiro oferece cinco bolsas, no entanto, no valor de 3 mil euros, para alunos de graduação, o segundo oferece apenas duas bolsas, sendo uma para aluno de graduação e a outra para aluno de pós graduação, e é exclusivo para alunos de baixa renda.
Uma outra possibilidade, ainda, é o Programa de Mobilidade Internacional, cuja vantagem é o maior número de vagas: ao todo, são quase 150 vagas semestrais oferecidas em mais de 60 universidades conveniadas. Para essas, no entanto, não são oferecidas bolsas e os alunos são responsáveis por todo o custo envolvido com alimentação, hospedagem e passagens aéreas.
Experiência acadêmica vai além da sala de aula
A estudante Laura Gabrielle Suassuna passou um ano estudando na Hungria, através do programa Ciências Sem Fronteiras. (Foto: Arquivo pessoal)
"Desde que entrei na universidade, pensava em fazer o intercâmbio, mas pensava que só iria conseguir fazer no Mestrado, porque não sabia das possibilidades que existiam", conta. Estudante de Arquitetura, sua escolha por Budapeste não foi à toa: "Escolhi Budapeste porque queria uma experiência diferente do que todos já tinham tido. Queria desbravar a cidade, conhecer sua história e arquitetura", relata.
Em relação à vida acadêmica, alguns fatos a surpreenderam: o fato, por exemplo, de que lá, o tempo gasto em casa para estudar é tão ou mais importante que o tempo dentro da própria universidade. "Para cada hora na universidade, são três horas em casa que você tem que estudar. É como se você realmente tivesse que ser responsável pelos seus estudos, não só dentro da universidade", argumenta. Outro fato que chamou sua atenção é que lá, os cursos são mais especializados: a universidade em que estava, por exemplo, oferecia um curso mais voltado para o Urbanismo, enquanto que outras ofereciam um mais voltado para a parte mais artística da arquitetura, enquanto que aqui, no Brasil, os cursos reúnem a Arquitetura e o Urbanismo em um só.
Em relação à língua, embora nunca tenha frequentado uma escola de idiomas, já falava um pouco do inglês e, ao chegar lá, fez um curso intensivo de cinco semanas. "De qualquer forma, estando lá, você tem que falar de qualquer jeito, a toda hora, então acaba apreendendo a língua", comenta.
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