Profissionais aproveitam 'boom' do mercado da beleza na Paraíba

Camila Alves
Do Jornal da Paraíba

Toinho Mattos se formou em educação física, mas nunca atuou na área. Há mais de 20 anos mantém um salão de beleza em João Pessoa, que sempre foi, segundo ele, a sua vocação. De olho no boom do mercado da beleza resolveu se qualificar. Concluiu no fim do ano passado o curso de estética e cosmética no Instituto de Educação Superior da Paraíba (Iesp) e já colhe os resultados. “Dei mais qualidade aos meus serviços”, define.

Assim como Toinho, cada vez mais paraibanos buscam o mercado da beleza, seja para se qualificar dentro da área que já trabalham ou ainda se inserir em um ramo em expansão. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) revelam que o setor teve crescimento médio de 10,4% em todo o Brasil, em 2010, índice bem acima das demais áreas da indústria. O país é o terceiro do mundo em consumo desses produtos.

Embora a ABIHPEC não possua dados estaduais, o aumento da oferta de cursos na área, na Paraíba, por si só já demonstram o aquecimento do setor. Nos últimos quatro anos, pelo menos duas faculdades abriram cursos superiores na área. Além do Iesp, a primeira instituição do Nordeste a oferecer – em 2008 - estética e cosmética, a Faculdade Santa Emília de Rodat também disponibiliza a graduação. Juntos eles somam 100 concorridas vagas semestrais.

A coordenadora do curso no Iesp, a professora e fisioterapeuta dermato-funcional Ana Margareth Marques, garante que a grade curricular do curso é ampla, assim como as possibilidades de atuação no mercado. O cosmetologista e esteticista pode trabalhar em hotéis, clínicas estéticas e fisioterapêuticas, spas, salões de beleza, atendimento em domicílio ou ainda montando o próprio negócio.

“Nos primeiros períodos os alunos têm as disciplinas comuns aos cursos de saúde: anatomia, microbiologia, bioquímica, fisiologia, entre outras. Depois começam a surgir as cadeiras mais específicas: massoterapia (que envolve diversas técnicas de massagem), tanto corporal quanto facial, drenagem linfática (recomendada após qualquer procedimento cirúrgico), cosmetologia (tecnologia dos cosméticos), eletroterapia (utilização de equipamento para redução de medidas corporais, tratamento de flacidez, fortalecimento muscular, rejuvenescimento), área capilar (técnicas para recuperação do fio do cabelo e couro cabeludo), entre outras disciplinas”, detalha Ana Margareth.

Há ainda a qualificação para realizar tratamentos antienvelhecimento, hidratação facial, peelings químicos de baixa intensidade e os físicos. Além do campo das terapias alternativas para relaxamento: pedra quente, argila, bambuterapia etc. “A partir de 2014, que vai ser o ano olímpico, as pessoas terão que ser tecnólogas ou graduadas para poder oferecer os serviços de beleza. O projeto de lei com essa proposição já está no Congresso”, comentou Toinho Mattos, concluinte de estética e cosmética, explicando um dos motivos que o fez procurar mais qualificação profissional.

Segundo a coordenadora do curso no Iesp, a categoria ainda não possui um sindicato ou conselho que defina um piso salarial, aqui na Paraíba. Além disso, as remunerações dependem muito do local de trabalho, tipo do serviço e número de sessões. Ainda assim, ela estima que, inicialmente, o esteticista e cosmetologista ganha de R$ 1 mil a R$ 1.500. O preço das sessões de tratamento mais simples giram em torno de R$ 60 cada, tanto para a parte corporal quando a facial.

“O serviço é muito divulgado e os valores são acessíveis. Por isso, a procura vem crescendo a cada ano”, apontou Ana Margareth. Segundo ela, o Iesp possui parceria com empresas de cosméticos, que oferecem treinamento aos alunos no decorrer do curso, que tem duração de três anos. A instituição também conta com uma clínica escola, onde os estudantes têm a prática e atendem a pacientes, pelo preço de uma taxa simbólica. A mensalidade fica em torno de R$ 440, com desconto de 10% para quem paga em dia.