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VAMOS TRABALHAR

Vera Garcia lutou para aceitar nova realidade

Professora sofreu um acidente dentro de casa e teve de amputar o braço. Passado o susto, ela começou a aceitar a nova realidade e resolveu não se acomodar.

Publicado em 23/10/2011 às 6:30

Quando tinha 11 anos, Vera Garcia sofreu um acidente dentro de casa e teve de amputar o braço. Passado o susto, ela começou a aceitar a nova realidade e resolveu não se acomodar. Recebeu o apoio da família e dos amigos para seguir a vida como antes, com os mesmos sonhos. E foi isso que fez. Passou no vestibular, se formou e foi aprovada em três concursos públicos.

“Em 1991 fiz meu primeiro concurso para professora, para o qual fui aprovada e nomeada. Foi uma vitória muito importante para mim”, declara Vera, que posteriormente foi aprovada em outros dois concursos na área de Educação. A história da pedagoga serve de exemplo para todas as pessoas portadoras de deficiência, que muitas vezes se acham limitadas para os desafios da vida.

Vera trabalhou 14 anos como professora efetiva do ensino básico e mais seis como vice-diretora efetiva de uma escola em Campinas (SP). Atualmente trabalha como modelo fotográfico de uma agência para pessoas com deficiência e gerencia o blog 'Deficiente ciente', que pode ser visitado através do site www.deficienteciente.com.br.

Quando fez o primeiro concurso, Vera desconhecia as leis que obrigam a reserva de vagas para pessoas com necessidades especiais. “Só em 2000 fiquei sabendo da obrigatoriedade. Eu fiz o concurso na ampla concorrência, quando poderia ter concorrido às vagas da reserva”, comenta. Assim como Vera, muitas outras pessoas portadoras de deficiência não sabem seus direitos quando o assunto é concurso público.

A garantia de reserva é dada através do artigo 37 da Constituição Federal. Isso tem aumentado consideravelmente o número de inscritos em concursos públicos. A busca pela estabilidade e pelos salários oferecidos são atrativos cada vez mais fortes para quem almeja ocupar um cargo no serviço público. Pela lei, todo concurso deve reservar até 20% das vagas aos portadores de deficiência. Mas será que isso realmente está sendo cumprido?

O presidente da Associação dos Deficientes e Familiares (Asdef), Francisco Izidoro, diz que sim, mas que ainda há muitas 'pegadinhas' nos editais. Por isso, é preciso ficar atento. “Já tivemos problemas sérios em concursos da Paraíba, a exemplo do da Polícia Civil e da Cagepa”, afirma. Segundo Izidoro, a associação já entrou com várias ações judiciais contra editais. “Muitos deficientes nos pedem para analisar os editais e não é raro encontrarmos irregularidades”, conta.

Conforme relata Izidoro, no último concurso da Cagepa, a reserva de vagas para portadores de necessidades especiais foi feita após a distribuição das vagas pelas cidades. “Ao final, apenas João Pessoa e Campina Grande reservaram oportunidades para os deficientes”, diz. Se a reserva for feita após a distribuição, o percentual será mínimo, ou, muitas vezes, inexistente. “Inicialmente foram reservadas 5 vagas, mas depois que entramos na Justiça, o número aumentou para 35”, declara.

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Jornal da Paraíba

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