COTIDIANO
Promotor denuncia que abrigos se apoderam do dinheiro de idosos
Promotor denunciou que os dirigentes de algumas instituições estão se apoderando do valor total dos benefícios dos idosos.
Publicado em 12/03/2009 às 15:55 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:40
Da Redação
Com assessoria
A Promotoria do Cidadão recomendou à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de João Pessoa que o repasse de recursos financeiros às instituições de longa permanência para idosos seja suspenso. Segundo o promotor do cidadão, Valberto Cosme de Lira, a medida foi tomada depois que a comissão permanente que monitora os abrigos constatou que irregularidades já apontadas em relatórios anteriores ainda não foram sanadas.
O promotor de Justiça também denunciou que os dirigentes de algumas instituições estão se apoderando do valor total dos benefícios dos idosos (como pensões e aposentadorias) e disse que, na próxima semana, vai instaurar um procedimento para investigar o uso indevido desse dinheiro.
“O idoso pode contribuir com até 70% do que recebe. Em 2007, fiz a recomendação de que 30% do benefício recebido pelo idoso fosse depositado em uma poupança para que ele pudesse usar em uma necessidade. O que acontece é que, de forma errada, as instituições estão ficando com 100% do que os idosos recebem. Isso não é permitido por lei!”, argumentou.
Segundo o promotor, as irregularidades detectadas nas últimas visitas já haviam sido identificadas desde 2005.
“Estamos concluindo a visita à terceira instituição e estamos vendo que as instituições estão cada vez piores. Ao confrontarmos os relatórios das visitas anteriores, temos percebido que não houve nenhum progresso; ao contrário, elas estão cada vez mais distantes do que determina o Estatuto do Idoso e a Anvisa. Algumas instituições começam a perder o caráter filantrópico e passam a ser a fonte de renda de uma família. Os diretores colocam seus familiares para trabalhar e há pessoas que se valem até dos alimentos e dos produtos de limpeza doados”, criticou.
Os problemas constatados levaram a Promotoria a recomendar a todos os órgãos públicos responsáveis pelo registro e concessão de licenças, alvarás e subvenções que observem se os abrigos estão atendendo os padrões de habitação exigidos pelo Estatuto do Idoso e pelas normas de Vigilância Sanitária, exigindo das instituições o laudo de aprovação das instalações físicas feito pela Vigilância Sanitária.
Irregularidades
Diversas irregularidades estão sendo constatadas pela comissão permanente de monitoramento dos abrigos, como a ausência de profissionais qualificados para administrar a medicação dos idosos e a falta de nutricionista, por exemplo.
“Todos os idosos tomam medicamentos e alguns remédios são controlados. Mas, são pessoas leigas que cuidam disso, o que pode provocar sérios acidentes. A alimentação é feita de modo amador. É o mesmo alimento para quem é cardíaco, diabético e hipertenso. As instituições estão descumprindo a determinação da Anvisa que solicita a presença de um nutricionista para cuidar da alimentação de cada idoso. Faltam cuidadores; falta corrimão em algumas áreas. Tem instituições que não têm sequer o alvará da Vigilância Sanitária e, mesmo assim, ainda querem receber recursos, o que não é permitido por lei”, explicou Valberto.
Comissão Permanente
A comissão permanente de monitoramento das instituições de longa permanência para idosos é integrada pelos Conselhos Regionais de Medicina, Enfermagem, Engenharia e Arquitetura, pela Vigilância Sanitária de João Pessoa e pelo Conselho Municipal do Idoso e está sob a coordenação da Promotoria do Cidadão. Semestralmente, as seis instituições que cuidam de pessoas com mais de 60 anos de idade na Capital são vistoriadas.
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