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POLÍTICA

Motorista por aplicativo: entenda projeto que regula atividade

No projeto, o governo propõe ao motorista por aplicativo o valor que deve ser pago por hora trabalhada e contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Publicado em 05/03/2024 às 10:11


                                        
                                            Motorista por aplicativo: entenda projeto que regula atividade
trânsito na av. epitácio pessoa. Foto: Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou no dia 4 de março uma proposta de projeto de lei que regulamenta o trabalho de motorista por aplicativo. No projeto, o governo propõe o valor que deve ser pago por hora trabalhada e contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entenda o que já se sabe sobre o projeto e quais os próximos passos para aprovação.

Como surgiu o projeto?

A proposta de projeto de lei é resultado de grupo de trabalho, criado em maio de 2023, com a participação de representantes do governo federal, trabalhadores e empresas, e que foi acompanhado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Motorista por aplicativo vai entrar na CLT?

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o grupo discutiu se os motoristas por aplicativo deveriam ser enquadrados nas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Segundo Marinho, a maioria da categoria optou pela autonomia com garantia de direitos.

Para isso, deverá ser criada a categoria “trabalhador autônomo por plataforma”.

No entanto, os motoristas serão representados por sindicato nas negociações coletivas, assinatura de acordos e convenção coletiva, em demandas judiciais e extrajudiciais.

Quanto os motoristas por aplicativo devem ganhar?

  • Os motoristas por aplicativo terão direito a receber R$ 32,90 por hora de trabalho. Desta forma, a renda mínima será de R$ 1.412.
  • Além disso, para cada hora trabalhada, o profissional vai receber R$ 24,07/hora para pagamento de custos com celular, combustível, manutenção do veículo, seguro, impostos e outras despesas. Esse valor não irá compor a remuneração, tem caráter indenizatório.

Como fica a contribuição e benefícios do INSS?

  • Os motoristas e as empresas vão contribuir para o INSS. Os trabalhadores pagarão 7,5% sobre a remuneração. O percentual a ser recolhido pelos empregadores será de 20%.
  • Além disso, mulheres motoristas de aplicativo terão direito a auxílio-maternidade.

Qual a jornada de trabalho?

  • A jornada de trabalho do motorista por aplicativo será de 8 horas diárias, podendo chegar ao máximo de 12 horas.

Motorista por aplicativo terá que ser exclusivo de uma plataforma?

  • Não haverá acordo de exclusividade. O motorista por aplicativo poderá trabalhar para quantas plataformas desejar.

Próximos passos do projeto

O texto do projeto de lei complementar será enviado para votação no Congresso Nacional. Caso seja aprovada pelos parlamentares, passará a valer após 90 dias.

No Brasil

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o país tinha 778 mil pessoas trabalhando em aplicativos de transporte de passageiros, o equivalente a 52,2% dos trabalhadores de plataformas digitais e aplicativos de serviços. Outro indicador mostra que 70,1% dos ocupados em aplicativos eram informais.

Na cerimônia, o presidente do Sindicato de Motoristas de Aplicativo do Estado de São Paulo, Leandro Medeiros, afirmou que mais de 1,5 milhão de famílias no país dependem da renda gerada por transporte de passageiros por aplicativo.

Ele pediu que o governo avalie a criação de uma linha de crédito para que a categoria possa financiar a troca dos veículos que, segundo ele, vive “refém das locadoras de veículos”. O presidente Lula afirmou que tratará do tema com os bancos.

Já o diretor executivo da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, André Porto, destacou que a proposta concilia “avanço tecnológico com direitos sociais”.

Em nota, a Uber informou considerar o projeto apresentado pelo governo "como um importante marco visando a uma regulamentação equilibrada do trabalho intermediado por plataformas. O projeto amplia as proteções desta nova forma de trabalho sem prejuízo da flexibilidade e autonomia inerentes à utilização de aplicativos para geração de renda".

"A empresa valoriza o processo de diálogo e negociação entre representantes dos trabalhadores, do setor privado e do governo, culminando na elaboração dessa proposta, a qual inclui consensos como a classificação jurídica da atividade, o modelo de inclusão e contribuição à Previdência, um padrão de ganhos mínimos e regras de transparência, entre outros", diz a nota.

A empresa afirmou ainda que irá acompanhar a tramitação do projeto no Congresso Nacional.

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Jornal da Paraíba

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