POLÍTICA
Caso Marielle: delegados alvos da PF estiveram em João Pessoa para dar palestras sobre prevenção a homicídios
A citação sobre a palestra na Paraíba foi inserida no capítulo sobre obstrução da Justiça, em que a Polícia Federal mostra as relações entre o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e o delegado Giniton Lages
Publicado em 25/03/2024 às 8:40 | Atualizado em 25/03/2024 às 15:15
A relação entre dois dos envolvidos na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) se estreitou quando eles foram convidados para dar palestras sobre segurança pública e combate à criminalidade, em evento ocorrido em João Pessoa. É o que aponta a Polícia Federal no relatório que embasou as prisões de três acusados do crime e mandados de busca e apreensão contra outros 4 envolvidos, neste domingo (24).
A citação sobre a palestra na Paraíba foi inserida no capítulo sobre obstrução da Justiça, em que a Polícia Federal mostra a proximidade entre o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e o delegado Giniton Lages, nomeado em 2018 como titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e o primeiro encarregado de investigar o crime.
Segundo a PF, a relação entre os dois remonta à época do III Colóquio do Programa Brasil Mais Seguro, realizado em João Pessoa, Capital da Paraíba nos dias 26 e 27 de novembro de 2012, em que eles palestraram sobre segurança pública. O evento foi organizado pelo Governo do Estado em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Como prova dessa relação e da viagem à Paraíba, a PF anexou no relatório um ofício, assinado pela chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 2012, em que solicita a liberação dos delegados para participarem do evento em João Pessoa. De acordo com o ofício, a palestra em que ambos participariam era sobre "A Experiência da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro na redução de homicídios".
No colóquio serão discutidas, com técnicos e estudiosos, as características e tendências das mortes violentas no país, bem como as possibilidades e desafios para redução, controle e prevenção deste tipo de delito, a partir da exposição de diagnósticos e referência às políticas em curso, diz trecho do documento.
O ofício também afirma que os dois delegados foram convidados para participar de oficinas para construção da matriz de responsabilidades para implantação do Programa no estado. Já o pagamento das passagens áreas e das diárias de ambos os delegados foi de responsabilidade do Ministério da Justiça, segundo o documento.
A operação
Foram presos neste domingo (24), por determinação judicial, os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, do Rio de Janeiro, suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso. De acordo com a Polícia Federal, ele ajudou a planejar o crime e atrapalhou as investigações porque havia prometido impunidade aos mandantes.
No atentado, em março de 2018, também morreu o motorista Anderson Gomes. Os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa foram presos após a homologação da delação de Ronnie Lessa, que está preso e é acusado de executar o crime. A operação também expediu mandado de busca e apreensão contra o delegado Giniton Lages, primeiro encarregado do caso e escolhido por Rivaldo.
O texto será atualizado.
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