Surto da gripe H1N1 faz estoque de vacinas acabar na Paraíba

O surto da gripe H1N1 no estado de São Paulo tem feito muitos paraibanos recorrerem às clínicas particulares em busca da vacina contra o vírus da Influenza A. Na Paraíba, 11 casos suspeitos foram notificados este ano à Secretaria de Estado da Saúde, que já confirmou a infecção pelo vírus em sete deles. Em João Pessoa e Campina Grande, clínicas particulares já estão com listas de espera e os estoques têm acabado em menos de 24 horas.

A procura pela vacina aumentou consideravelmente desde o início desta semana. Na clínica Cevacina, em João Pessoa, o último lote da Trivalente, com 100 doses, não durou 24 horas. A demanda é tanta que a clínica suspendeu a lista de reserva e espera, para a próxima semana, a chegada de mais 300 doses – a expectativa é de que este lote não dure mais de três dias.

Em outra clínica da cidade, a Alergomed, a lista de espera já passa de 100 nomes. A unidade espera a chegada de um lote de 100 doses para hoje e já fez pedido de mais 300.

Em Campina Grande, no bairro da Prata, um lote com 100 doses da imunização também foi liquidado em menos de 24 horas. Segundo Edilma Ferreira, técnica em enfermagem da unidade, grande parte das pessoas que estão procurando se imunizar vai viajar para a cidade de São Paulo, passará por aeroportos ou frequenta locais com grande aglomeração de pessoas. “A procura foi além do normal, não esperávamos isso e não temos previsão de quando receberemos outro lote. Por isso, pedimos que os pacientes liguem para saber a disponibilidade”, disse a técnica.

Em outra unidade particular do bairro da Prata, as últimas doses da vacina contra a Influenza acabaram na semana passada e não há previsão da chegada de outro lote, já que a remessa depende da disponibilidade dos laboratórios. “Ainda não fizemos um levantamento específico e não dá pra mensurar quantas doses já foram administradas, mas como o povo tem visto muito na televisão o surto, está receoso e procurando mais”, comentou uma funcionária da clínica, que optou por não ser identificada na matéria.

Essa apreensão em torno do vírus tem feito muita gente se antecipar à campanha de vacinação que será realizada pelo governo federal em todo o país a partir do dia 30 de abril. Diferente da rede pública, onde a vacina estará disponível apenas para o grupo prioritário, ou seja, crianças de seis meses a cinco anos, gestantes e idosos, as clínicas particulares estão abertas a qualquer faixa etária, com exceção dos bebês. No caso da vacina trivalente, a indicação é para os bebês maiores de seis meses. Já a tetravalente (que incluiu o vírus influenza B/phuket) pode ser administrada em crianças a partir de 3 anos. Nas clínicas particulares de João Pessoa, as doses das vacinas custam entre R$ 70 e R$ 100. Já em Campina, a média é de R$ 120.

Imunização pelo SUS não será antecipada

A campanha nacional de imunização contra a Influenza no Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, na rede pública, começa apenas no dia 30 de abril (Dia D) e vai até o dia 20 de maio. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que a campanha não será antecipada em razão do surto identificado no Estado de São Paulo e, portanto, orienta que sejam tomadas as medidas de controle e prevenção da doença, como a frequente higienização das mãos, evitar aglomerações e tapar a boca com o antebraço antes de tossir.

Ainda assim, muitas pessoas, independente do grupo de risco, têm procurado as unidades básicas de saúde para se vacinar contra o vírus. É o que afirma a coordenadora de Imunização da Secretaria de Saúde de Campina Grande, Miralva Cruz. “Como não restou doses da campanha do ano passado, não temos vacina para imunizar as pessoas que estão procurando antes da campanha nacional. Além disso, a vacina na rede pública só é administrada nos grupos de risco”, reforçou a coordenadora.

A SES da Paraíba esclareceu que o Estado de São Paulo optou, por decisão própria, utilizar o estoque de vacina de 2015 para imunizar os grupos não atingidos pela campanha do ano passado na tentativa de fortalecer a população, contudo, ressaltou que o Ministério da Saúde não recomenda a administração dessas vacinas.

O envio da vacina contra a Influenza pelo Ministério da Saúde começa hoje. Nas primeiras remessas (1º a 15 de abril), os estados receberão 25,6 milhões de doses, que corresponde a 48% do total a ser enviado para a campanha deste ano. Para o Nordeste serão enviados 6.028.965 doses. O MS não informou o quantitativo reservado para o estado da Paraíba.

EFICÁCIA DA VACINA

A vacina contra a gripe tem duração de um ano e não previne a doença, mas as complicações que a gripe pode causar, como síndromes e hospitalizações. Depois de receber a vacina, o corpo leva de duas a três semanas para gerar a proteção contra a gripe. Crianças menores de nove anos de idade precisam receber, ao todo, duas doses. As outras faixas etárias necessitam de apenas uma dose. A eficácia dependerá de alguns fatores, entre eles, a idade. A média é de 70% a 90% de eficácia.

SINTOMAS

Semelhantes aos da gripe comum, os sintomas da gripe H1N1 são febre alta e tosse, dor de cabeça e no corpo, garganta inflamada, falta de ar, cansaço, diarreia e vômitos. Como qualquer gripe, pode evoluir para sinusite ou até para um quadro pulmonar.

ORIENTAÇÕES

Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem evitar sair de casa em período de transmissão da doença; restringir ambiente de trabalho para evitar disseminação; evitar aglomerações e ambientes fechados, procurando manter os ambientes ventilados; adotar hábitos como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.