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COTIDIANO

'Tinha medo das pessoas': quem era o jovem que morreu após entrar em recinto de leoa na Bica

De acordo com a prima de Gerson de Melo Machado, ele era uma pessoa pacífica e sempre procurava a família e não tinha acompanhamento de saúde mental.

Publicado em 02/12/2025 às 6:13


				
					'Tinha medo das pessoas': quem era o jovem que morreu após entrar em recinto de leoa na Bica
Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu após entrar em recinto de leoa em zoológico de João Pessoa. Reprodução/TV Cabo Branco

O jovem de 19 anos que morreu após entrar na área de uma leoa e ser atacado por ela no Parque Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa, dizia aos familiares que sentia “medo das pessoas darem nele” por conta dos transtornos mentais que ele tinha. É o que afirma a prima dele, Ícara Menezes, que explica a relação do homem com a família.

Conforme relato da prima para a TV Cabo Branco, ele enxergava as outras pessoas como potenciais agressoras contra ele e que, por isso, sentia medo. Gérson de Melo Machado já tinha o diagnóstico de esquizofrenia e a família também tem histórico de transtornos mentais. O corpo do jovem foi sepultado nesta segunda-feira (1º).

“Das vezes que ele foi preso, a maioria era por jogar uma pedra na viatura, porque ele queria se sentir seguro, muitas vezes ele falava ‘se eu tiver preso, as pessoas na rua não (vão) dar em mim, porque eu peguei tal coisa em troca do almoço e fulano deu em mim’. Ele sempre tinha medo das pessoas darem nele. Tiraram ele como uma pessoa agressiva e ele não era. Uma pessoa marginal, ele não era. Era um menino neurodivergente, que tinha mentalidade de 4 anos”, ressaltou.

Também segundo a prima, ele enxergava o presídio Presídio Desembargador Flóscolo da Nóbrega, conhecido como presídio do Roger, em João Pessoa, como um lugar em que ele seria acolhido.

“A gente conversou com ele e ele disse que pelo menos ele preso, tinha onde dormir e as pessoas não faziam mal a ele. E ele gostava muito do diretor (do Roger). Então para ele era uma amizade que ele tinha e ali ele estava seguro”, disse.

Em relação a essa postura, Ícara ressaltou que devido aos transtornos mentais ele só se aproximava dos familiares de tempos em tempos, não mantendo a relação constante. Ela explicou que ele procurava principalmente a mãe, que também têm transtornos mentais.

“Sempre procurou a mãe dele querendo amor, querendo carinho, querendo atenção. Ele nunca foi um menino para assaltar ninguém para usar droga. Ele sempre foi uma pessoa que tinha problemas psicológicos e os outros se aproveitavam”, contou.

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Dificuldades no tratamento de saúde mental

Sobre tratamentos, ela diz que ele nunca teve apoio contínuo de acompanhamento psicológico e que isso era um problema agregado ao contexto familiar.

“O histórico da família é bem avançado, qualquer pessoa que acompanhasse ele iria entender, porque existe todo um trâmite para poder chegar naquela pessoa que era doente. Por aí, ele já teria que ter o tratamento, ele nunca teve”, explicou.

Ainda em relação ao apoio do poder público no caso de Gerson, a prima argumentou que era de responsabilidade principalmente dos órgãos competentes o acompanhamento e que, o que a família poderia ter feito, fez.

“A família não abandonou, só que uma pessoa neurodivergente, já grande, 16 passanges pela polícia, nunca teve tratamento, o apoio que teve foi uma assistente social e o diretor do presídio (...) Então a gente não podia fazer muita coisa, quem poderia fazer era o poder público. Como família a gente fez o que pôde, mas segurar uma pessoa assim dentro de casa o tempo todo… Todo mundo que tem uma pessoa neurodivergente dentro de casa sabe como é”, disse.

Ela também explicou que tenta apoio da rede pública de saúde para o próprio filho, que tem Transtorno do Espectro Autista, de 8 anos, e que encontra dificuldades para receber acompanhemento de saúde mental para a criança.

Justiça determinou internação

A Justiça determinou que Gerson fosse internado em uma instituição de longa permanência, antes de morrer, por conta dos transtornos psicológicos que tinha. Na decisão à qual o Jornal da Paraíba teve acesso, do juiz Rodrigo Marques de Silva Lima, Gerson foi colocado como inimputável por ter esquizofrenia. Pela gravidade de seu caso, a decisão diz que o tratamento ambulatorial era insuficiente, sendo necessária uma internação.

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu uma investigação para saber as condutas da Prefeitura de João Pessoa e do Parque Arruda Câmara após a morte do jovem.

Em nota, a Prefeitura de João Pessoa informou que já começou a apurar as circunstâncias do caso, manifestou solidariedade à família da vítima e afirmou que o espaço segue normas técnicas e de segurança.

O parque informou que a leoa, chamada de Leona, não vai ser sacrificada e está recebendo cuidados pela equipe técnica pois passou por um nível elevado de estresse.

Jovem queria ir para África e gostava de animais

Segundo a prima, em entrevista para a Rádio CBN, ele enxergava o zoológico da Bica como um sonho a ser alcançado. Ela diz ainda que o apelido dele, “Vaqueirinho”, vem justamente dele ter afinidade com animais, já que quando era menor, tinha muita proximidade.

“A Bica fazia ele sonhar com a África. Era o leão mais próximo pra ele domar. Ele dizia que iria montar e levar a leoa para a África”, relatou.

A conselheira tutelar que acompanhou a trajetória de Gerson, Verônica Oliveira, disse que o jovem já teve um episódio inclusive de invadir uma área restrita no aeroporto de João Pessoa para entrar em um avião, com intuito de "ficar mais próximo dos animais" da África.

“Ele tinha falas desde muito pequeno de que ia para a África, para um safári, porque ele ia domar os leões”, disse a conselheira.

A conselheira descreveu Gerson de Melo como alguém apaixonado por animais. “Ele tinha um fascínio pelos animais. Certa vez, eu falei: ‘Gerson, olha, eu vou precisar acolher você. Você vem às 2 horas'. E ele obedecia. Quando Gerson chegou aqui, trouxe um cachorro: ‘só vou se eu levar o cachorro’, ele disse”.

A conselheira tutelar afirmou que Gerson não tinha noção do perigo e que, muitas vezes, era usado por outras pessoas para cometer pequenos delitos. O jovem tinha diversas passagens pela polícia, a última foi há uma semana, quando ele atirou uma pedra em uma viatura da Polícia Militar.

“Ele foi usado, muitas vezes, para alguns atos, porque ele não tinha noção do perigo. Então, ele achava que nada ia acontecer com ele”, ressaltou.

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Jornal da Paraíba

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