47,6% dos lares da PB têm veículos

Quase a metade dos domicílios paraibanos possui carro, moto ou os dois tipos de veículos. Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que o percentual de domicílios no Estado com este perfil é de 47,6%, o que corresponde a 562.156 casas. Os dados mostram ainda que o percentual de domicílios com motocicletas é maior do que os de automóvel.

Para a realização do estudo foi considerado o universo de 1.181.000 domicílios paraibanos computados na Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad) do ano passado. Com o percentual apresentado pelo Ipea, a Paraíba ocupa a 17ª colocação no país em número de domicílios com algum tipo de veículo motorizado e o no período de 2008 a 2012 a frota de veículos privados no Estado cresceu 12,80 pontos percentuais.

Ainda segundo a pesquisa, a motocicleta é o veículo mais comum nos domicílios pesquisados (27,9%) se comparado aos carros (25,7%). Até setembro deste ano, existiam 411.778 motocicletas na Paraíba, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Ainda de acordo com o órgão estadual, de setembro de 2012 até o mesmo período deste ano, o crescimento do número deste tipo de veículo foi de 10,03%.

Somente em João Pessoa são 80.662 motocicletas, de acordo com o Detran. Já em Campina Grande a quantidade é de 52.309.

O vigilante Thiago Alexandre Silva mora na capital e há dois anos deixou de andar de ônibus e passou a utilizar somente a motocicleta para locomoção. “Quando a gente tá no meio de um engarrafamento ou atrasado, a moto é sempre mais ágil. Nessa situação com carro é mais difícil”, disse.

Na análise do engenheiro civil e especialista em trânsito e transportes urbanos Carlos Batinga, os números do Ipea atestam as projeções calculadas nos dois últimos Censos (2000 e 2010).

Segundo ele, considerando os dados do Censo, o percentual de crescimento da frota supera o da população da Paraíba. “O crescimento da frota nos últimos anos tem sido quatro vezes maior do que o da população. Enquanto que a população cresce, em média, 1,2% ao ano, a frota cresce 6,3%. Se continuar com essa projeção, a previsão é que em 2025 tenhamos um veículo para cada habitante. Isso seria o caos total”, explicou.

A situação do domicílio do condutor Marcelo Pinto é um exemplo que reforça o argumento do pesquisador. Morando no bairro de Mangabeira, na capital, ele conta que se desloca diariamente ao Centro da cidade para trabalhar com um dos dois carros que possui, além disso o irmão de Marcelo, que mora na mesma casa, também possui um automóvel. “Há dois anos eu comprei o primeiro carro e, pouco tempo depois, o outro, e meu irmão também comprou o dele”, disse.

Mobilidade urbana
Segundo informações da assessoria de comunicação do Detran, o órgão é responsável apenas pelo registro e renovação do licenciamento dos veículos dos domicílios do Estado. A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA procurou o superintendente do Detran para comentar a pesquisa do Ipea, mas a assessoria de comunicação do órgão informou que o gestor estava em um compromisso, em Brasília. (Colaborou Nathielle Ferreira)

Semob tenta melhorar o trânsito. Para o diretor de Operações da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) de João Pessoa, Adalberto Araújo, o crescimento da frota é motivo de preocupação para os especialistas em trânsito. Ele observa que a quantidade de pessoas que possui carros ou motos aumentou em virtude do maior poder aquisitivo e também por conta da ampliação de crédito.
Apesar de considerar esses dois fatores muito positivos para a economia, ele observa que o crescimento da frota possui consequências. “Isso causa problemas de mobilidade urbana. A cidade passa a apresentar pontos de congestionamento e de trânsito lento”, afirmou.
Por conta disso, o gestor explica que a Semob está adotando medidas para reverter a situação. Segundo ele, a ideia é melhorar o transporte público para incentivar as pessoas a deixarem os veículos particulares em casa e usarem o ônibus. “Estamos criando medidas para melhorar a mobilidade. Queremos ofertar um transporte público de qualidade e confortável que possa ser atrativo”, declarou.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA procurou manter contato com a Superintendência de Transito e Transportes Públicos (STTP), órgão responsável por gerenciar o tráfego em Campina Grande, para comentar o assunto, mas não obteve êxito. Nenhuma ligação feita para o celular do responsável pela Superintendência, Vicente Rocha, foi atendida.