ECONOMIA
Inclusão digital chega a assentamentos na PB
Projeto 'Letramento Digital – Pescadores Online' leva telecentros e internet para famílias de pescadores na aba do rio Mamanguape.
Publicado em 27/03/2013 às 6:00
O acesso à internet está se tornando uma realidade em assentamentos e comunidades pesqueiras na Paraíba. Através do projeto 'Letramento Digital', o serviço deve chegar a 19 assentamentos rurais e comunidades pesqueiras do Estado. O projeto é desenvolvido pelo mestrado em Linguística Aplicada da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com apoio da Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid).
Nos assentamentos de terra, o projeto pretende criar telecentros com internet em banda larga (wi-fi) e também linhas em VoIP (Voice over Internet Protocol) para fazer ligações telefônicas em banda larga sem custo aos assentados. Para a coordenadora da Pastoral da Terra na Paraíba, Tânia Maria Sousa, se concretizado, o projeto vai suprir a carência de acesso à tecnologia tão comum nessas comunidades.
“Achamos muito interessante. Nos últimos tempos houve tentativas de levar a inclusão digital aos assentamentos, mas ainda hoje existe muita gente excluída. Uma entidade que se presta a fazer um projeto desses a custo zero para comunidade é muito importante, dessa forma as comunidades podem criar redes de telefones para ficarem interligadas, ter acesso às tecnologias e compartilhar umas com as outras”, contou Tânia Maria.
A estrutura necessária para a instalação dos espaços de Letramento Digital é toda da Anid, que se tornou a principal parceira do projeto. Nos próximos dias, a associação vai fazer visitas nas localidades contempladas para elaborar o calendário de implantação do projeto. Haverá também pontos de Wi-Fi nas proximidades das sedes dos assentamentos e parceria com instituições de ensino, para a capacitação dos assentados, de modo a promover a correta utilização da internet.
Segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), em todo o país os acessos em banda larga, fixa e móvel chegaram a 88,2 milhões em janeiro deste ano, 37% a mais em relação ao mesmo período de 2012. Apesar dos dados, quando se fala em comunidades rurais é fácil encontrar pessoas com pouco acesso a esses dispositivos.
Uma dessas pessoas é Iolanda de Oliveira Monteiro, do assentamento Capim de Cheiro, localizado no município de Caapoã, Região Metropolitana de João Pessoa. “Temos computador nas escolas do assentamento, mas não internet.
Nem sempre as ligações funcionam bem aqui, então acreditamos que o projeto vai melhorar muito a nossa comunicação e acesso à informação, vai trazer um salto de qualidade para nosso dia a dia, porque hoje vivemos em um sistema onde as pessoas têm que estar conectadas”, disse.
O projeto 'Letramento Digital' vai beneficiar assentamentos localizados em diversos municípios do Estado, dentro deles São José dos Ramos, Conde, Itabaiana, Jacaraú, Mogeiro, Alhandra, Curral de Cima, Sapé, Cruz do Espírito Santo e Pedras de Fogo.
PESCADORES RECEBEM FORMAÇÃO
As famílias de pescadores artesanais inseridos na aba do rio Mamanguape participam do projeto 'Letramento Digital – Pescadores Online', que já implantou telecentros para estimular os pescadores a se tornarem novos usuários de internet e utilizarem essa mídia como meio de cuidar de sua comunidade.
Em funcionamento desde 2011, o projeto trouxe diversos avanços. “A comunidade não possuía nenhum acesso à internet. A Anid garantiu toda a infraestrutura necessária para que tivéssemos conexão banda larga gratuita na vila, com a instalação de uma torre de 42 metros na comunidade para fornecimento de conexão banda larga de alta velocidade”, disse a coordenadora do projeto, Thaís Garcia.
Com relação ao preparo das pessoas, inicialmente foram formados três jovens moradores da comunidade, que trabalharam como agentes de letramento digital no telecentro. Passados dois anos, o telecentro registra, atualmente, cerca de 300 usuários por mês.
Para a coordenadora do projeto, a tendência é que esse número seja ainda maior este ano. “A partir do trabalho desses agentes, matriculamos 58 novos usuários da comunidade nos cursos de capacitação para uso de internet, ministrados no telecentro. Com a construção da sede oficial, prevista para ser inaugurada em meados de abril, pretendemos aumentar o número de atendimentos, já que além do prédio, teremos cerca de dez novas máquinas disponíveis para os usuários da Barra de Mamanguape e comunidades circunvizinhas”, relatou Thaís Garcia.
A Anid também concedeu uma bolsa de estudos para que a equipe continue executando o trabalho na comunidade pesqueira. O presidente da Anid, Percival Henriques, explica que o projeto visa levar modernidade às comunidades do Estado que continuam estagnadas em desenvolvimento tecnológico.
“O que me preocupa e me faz acreditar no projeto é que vai além de oferecer computador. Oferecemos internet de alta velocidade, como se tivesse num país de primeiro mundo, por exemplo. Em Barra de Mamanguape, a pessoa pode acessar em torno de 30 a 40 Mbps. Queremos dar pra essas comunidades que não tiveram nenhum acesso, além da oportunidade, também um processo onde o uso da internet seja mais eficaz”, disse Percival Henriques.
A coordenadora do projeto enfatizou a importância da educação digital. “A inclusão sociodigital é uma das mais importantes ferramentas de transformação social em comunidades socialmente vulneráveis, isso porque a tecnologia aliada a um projeto pedagógico possibilita o acesso dos moradores à comunicação, à informação e ao conhecimento, considerados 'artigos de luxo' nessas comunidades, onde a informação chega basicamente através das antenas parabólicas e das rádios locais”. (Especial para o Jornal da Paraíba)
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