VIDA URBANA
Aprendizagem defasada na PB
Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, mostrou que 69,9% dos alunos paraibanos não leem ou interpretam textos corretamente.
Publicado em 26/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 13:48
Mais da metade dos alunos do 3º ano do ensino fundamental na Paraíba (69,9%) não leem e não interpretam um texto de forma correta, conforme resultados da 2ª Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, a chamada Prova ABC. Os dados foram divulgados ontem pelo movimento Todos pela Educação.
De acordo com o estudo, apenas 30,1% dos estudantes paraibanos atingiram pontuação acima de 175, que indica desempenho adequado em leitura. O 3º ano é a série considerada limite para a alfabetização, segundo o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).
A avaliação segue a escala do sistema de Avaliação da Educação (Saeb) e foi aplicada no final de 2012 , com a participação de 54 mil alunos de 1,2 mil escolas das redes pública e privada de 600 municípios brasileiros, entre capitais e cidades do interior. Além do domínio da leitura, a avaliação testou também habilidades em escrita e Matemática.
Em relação ao desempenho em Matemática, a situação também é preocupante. O estudo aponta que os estudantes do 3º ano não dominam as operações básicas da Matemática (adição, subtração, multiplicação e divisão). Segundo a pesquisa, 76,5% dos estudantes paraibanos não atingiram pontuação acima de 175 pontos, o que indica aprendizado inadequado para esta fase.
Outro dado preocupante mostrado pela Prova ABC são as desigualdades entre as cinco regiões do país. Apesar de não configurar uma realidade nova, pois já foram apontadas no monitoramento do desempenho dos alunos de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º do Ensino Médio, através Prova Brasil e do Saeb, o resultado da Prova ABC evidencia que as diferenças regionais se apresentam desde o início da escolarização dos estudantes.
Em leitura, por exemplo, todos os estados do Norte e do Nordeste apresentam desempenho abaixo da média nacional.
Em Matemática, alunos com defasagem idade-série das regiões Sul e Sudeste têm desempenho equivalente à dos alunos não defasados das regiões Norte e Nordeste. Ou seja, enquanto 44,5% dos estudantes tiveram aprendizagem adequada em leitura no país (atingiram pontuação acima de 175 pontos), nos Estados do Norte e do Nordeste apenas 27,3% e 30,7%, respectivamente, dominavam a leitura. Já a Paraíba registrou média 30,1%, ficando acima da média da região Nordeste, mas ainda abaixo da nacional. Em comparação com os demais estados da região, a Paraíba apresentou o 4º melhor resultado em leitura, ficando atrás do Ceará (42,1%), Rio Grande do Norte (34,6%) e Pernambuco (32,9%).
Em relação a Matemática, apesar dos estudantes da Paraíba terem conseguido o terceiro melhor índice de aprendizagem na região Nordeste, apenas 23,5% conseguiu mais de 175 pontos na avaliação, mostrando domínio nas operações básicas. No país 33,3% dos estudantes tiveram mais de 175 pontos, enquanto a média do Nordeste foi apenas 18,1%. No ranking da região, aparecem no topo Sergipe (27,3%) e Pernambuco (24,4%).
Para a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, os dados mostram a urgência na implantação de políticas públicas com foco na melhoria da qualidade do ensino. "Ainda estamos abaixo dos 50% em leitura, escrita e matemática em relação a todas as crianças que precisam e têm o direito de ter essas competências básicas nos três primeiros anos do ensino fundamental", avaliou.
Segundo a diretora, a deficiência na etapa inicial compromete o aprendizado das crianças nos anos seguintes. "O foco nos primeiros anos é estratégico para a gente garantir o direito ao aprendizado mais na frente. Se a gente não consegue corrigir isso no berço do problema, a gente não vai conseguir avançar na educação", finalizou.
Para o secretario de Educação de João Pessoa, Luis Sousa Junior, o resultado da Prova ABC mostra a necessidade de investir na formação do professor. “O resultado da prova ABC não foge ao que já se encontrou em outras avaliações, a exemplo do Ideb, Prova Brasil, entre outros. Os Estados da região Norte e Nordeste apresentam desempenho entre 20 a 30% abaixo dos Estados do Sul e Sudeste”, declarou, acrescentando que “o resultado negativo no 3º ano, que encerra o primeiro ciclo de aprendizagem, vai se refletir negativamente no futuro, certamente mais adiante nós vamos ter problemas graves com alunos que vão precisar aprender conteúdos de Física e Química, por exemplo, mas que não dominam leitura e operações básicas de Matemática”, ressaltou.
O secretario disse ainda que “para reverter este quadro é preciso investir em políticas públicas que proporcionem a melhoria da formação do professor bem como ações específicas para a aceleração ou reforço do aprendizado na idade certa”, concluiu.
A reportagem tentou contato, por telefone, com a secretária de Estado da Educação, Márcia Lucena, para comentar os dados, mas não 0
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