ECONOMIA
UFPB estuda nanofibras
Nanotecnologia em polímeros pode ser responsável por consideráveis avanços na área da saúde e produção de remédios.
Publicado em 21/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 14:41
Partículas mínimas que promovem grandes resultados. A elaboração de projetos cujo foco são as nanotecnologias vem obtendo amplo destaque entre acadêmicos. E uma destas iniciativas, desenvolvida pelo pós-doutor e professor do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Eliton Medeiros, não foge à regra, principalmente por conta do caráter inovador.
De acordo com ele, embora esteja em fase inicial, a chamada nanotecnologia em polímeros (espécie de plástico) biodegradáveis produzida por alunos da graduação e da pós-graduação de diferentes cursos pode ser responsável por consideráveis avanços na área da saúde, inclusive na produção de remédios.
“Com as nanofibras, é possível, entre outras coisas, revestir queimaduras por meio da formação de tecidos especiais que melhoram o processo de cicatrização”, explica. “Elas também podem ser incorporadas a medicamentos que seriam lentamente liberados na área com ferimento, melhorando, assim, o quadro economizando dinheiro”, acrescenta.
Além de auxiliar no tratamento de queimados, Medeiros comenta que as nanofibras são matérias-primas totalmente viáveis para a produção de tecidos ósseos em laboratórios.
“Com isso, não seria mais necessário fazer cirurgias de retirada de um pedaço de osso para implante em outra parte do corpo – o enxerto ósseo”, menciona, fazendo questão de frisar o caráter multidisciplinar do projeto. “As habilidades aprimoradas vão desde os conhecimentos fundamentais da nanotecnologia até noções de engenharia de materiais, química, odontologia, biologia e medicina”, complementa.
Patenteada no Brasil e nos Estados Unidos, a técnica de produção destes polímeros tem chamado a atenção por conta da publicação frequentemente em periódicos da área e divulgação em congressos, tanto nacionais quanto internacionais. Contudo, segundo o professor, até que o projeto possa ser aproveitado pelo mercado, existe um longo caminho a ser percorrido, principalmente em relação ao aprimoramento dos produtos.
“Todo pesquisador quer ver sua pesquisa no mercado. No entanto, nem sempre é possível, por falta de transferência de tecnologia”, ressalta. “Além disso, entre a concepção e comercialização de um produto, são necessários vários anos, principalmente quando animais ou humanos são envolvidos.
Nesse caso, é preciso fazer vários testes, de forma muito criteriosa, antes que qualquer produto possa ser vendido”, conclui.
DIFICULDADES
Mesmo com o apoio de instituições do Brasil e do mundo, o projeto enfrenta dificuldades, conforme o professor Eliton Medeiros. “Uma delas é a falta da carreira de pesquisador no Brasil. Não se contrata um pesquisador e sim um professor. Isso nos deixa de mãos atadas, pois além da pesquisa, normalmente temos que ministrar muitas aulas semanais e enfrentar outras burocracias inerentes à carreira acadêmica”, reclama.
Medeiros aponta ainda como outro ponto crítico para a expansão das atividades a falta de uma fundação que apoie as ações dos envolvidos. “As fontes de financiamento das quais dispomos são basicamente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)”, lamenta. (Especial para o Jornal da Paraíba)
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