VIDA URBANA
MP investiga denúncia de cartel entre médicos no Regional de CG
Médicos anestesiologistas e ortopedistas do Hospital Regional de Campina Grande prometem suspender atendimento a partir desta quarta-feira (8).
Publicado em 08/12/2010 às 9:30
Alberto Simplício e João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba
A paralisação dos 21 médicos anestesiologistas do Hospital Regional Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, juntamente com a dos ortopedistas, que prometem suspender o atendimento a partir desta quarta-feira (8), vai colocar em risco a rede de urgência e emergência da região. Com o encerramento das atividades desses profissionais, de acordo com o diretor do Regional, médico João Menezes, o serviço prestado pelo hospital está totalmente comprometido.
Na terça-feira (7) pela manhã, o presidente do Conselho Municipal de Saúde campinense, Sílvio Alves, denunciou a existência de um suposto cartel por parte dos médicos. A promotora da Saúde campinense, Adriana Amorim, informou que vai investigar a denúncia.
Na manhã de ontem, a promotoria da Saúde também ingressou na Justiça com uma ação civil pública pedindo a contratação imediata de profissionais para realizarem o atendimento no hospital. “Vamos sim apurar a denúncia de cartel feita pelo Conselho, e solicitar que a entidade nos apresente isso por escrito”, adiantou Adriana Amorim.
O Hospital Regional ainda está com cinco de seus dez leitos interditados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e pelo Ministério Público, semanas atrás. O diretor da unidade, médico João Menezes, disse que já comunicou ao Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e ao Ministério Público da Saúde sobre a decisão dos anestesistas, que entregaram à direção uma escala, na qual o último dia de trabalho este ano seria no último domingo.
“O comunicado foi para informar que não estamos realizando atendimento de emergência, e que, portanto, os hospitais conveniados ao SUS devem se responsabilizar pelo atendimento”, explicou. Segundo Menezes, a alegação dos profissionais é a insegurança gerada pela mudança de governo.
“A eleição já passou, não dá mais para encarar as situações dessa forma. Eles não podem simplesmente parar porque acreditam que não receberão a produtividade do mês de dezembro, que será paga pela próxima administração”, argumentou. A suspensão dos serviços dos anestesiologias pode ter sido responsável pela morte de Mayana Beatriz Silva, de um ano, enterrada ontem em Campina Grande sob clima de comoção.
Para o Conselho Municipal de Saúde, estaria havendo um movimento de carterização por parte dos profissionais médicos. “O que está acontecendo é que estamos nas mãos de uma cooperativa que está fazendo negociatas em um verdadeiro cartel. Eles ameaçam os que chegam na cidade e precisamos enquanto sociedade reagir. É muito grave o momento que estamos vivendo. Estamos à margem de uma paralisação geral e o que acontecerá?”, indagou Sílvio Alves.
De acordo com a direção do Hospital Regional, “os pagamentos vinham sendo honrados. Inclusive a produtividade referente ao mês de novembro, que equivale a uma despesa de R$ 211.500 já está sendo encaminhada para a Secretária Estadual de Saúde. Cada anestesiologistas recebe por cada plantão de 12 horas R$ 1.500, valor que era de pouco mais de R$ 700 quando era feito via cooperativa”, assinalou João Menezes. Ele também afirmou que o mesmo acontece com os ortopedistas, que neste mês de novembro geraram uma despesa de R$ 226.860.
Uma liminar emitida em outubro pelo Ministério Público determina que os hospitais conveniados ao SUS, como a Clipsi, o Pedro I e o Antônio Targino atendam a demanda prejudicada pela paralisação dos atendimentos no Regional. De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais Privados de Campina Grande, médico José Targino, essa liminar na prática não tem como funcionar, pois não há como obrigar as unidades a atenderam os pacientes depois que a cota de atendimento através do SUS for atingida.
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