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VIDA URBANA

Idosos encontram afeto e assistência em abrigos de CG

 Instituto São Vicente de Paulo em Campina Grande é novo lar para mais de 70 pessoas na terceira idade.

Publicado em 12/07/2015 às 14:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 12:23

Nos rostos, olhares distantes destoam os sorrisos nos lábios. Nas áreas de convivência, o papo descontraído sobre lembranças do passado contrasta com a falta de lucidez de senhoras que ainda brincam com bonecas ou daqueles que não param de cantarolar pelos corredores. Cenas assim são comuns entre os idosos que vivem no Instituto São Vicente de Paulo, em Campina Grande, como forma de preencher os espaços vazios deixados pela saudade dos seus familiares. Por falta de condições, abandono ou até mesmo por vontade própria, é nesse lugar onde essas pessoas encontraram o afeto e o amparo que por algum motivo acabou faltando em seus lares.

Com um livro que fala sobre a história de Nossa Senhora Aparecida nas mãos e um crucifixo pendurado ao pescoço, dona Marluci Borborema, 81 anos, dedica grande parte dos seus dias às orações. Católica desde a infância e muito apegada aos ritos da Igreja, ela conta que o seu passatempo favorito é rezar. Quando não está conversando com os amigos no pátio do instituto ou ajudando a alimentar os idosos mais debilitados, ela senta em frente à televisão para assistir à programação dos canais religiosos. “Gosto muito de rezar. Rezo o dia todo e por todo mundo”, enfatizou Marluci, que diariamente acompanha missas, terços e novenas pela TV.
Ela está morando no instituto há dois anos e tomou essa decisão após perder entes queridos. Natural da cidade de Garanhuns, no estado de Pernambuco, Marluci viveu 23 anos no Rio de Janeiro, onde trabalhava como auxiliar de enfermagem. Depois que um irmão, uma irmã e uma amiga íntima faleceram, ela, que não teve marido nem filhos, ficou abalada e se mudou para Campina Grande, onde passou a residir com um dos seus irmãos. Por não se adaptar à convivência com ele, achou melhor ir para a instituição. “Aqui eu me dei muito bem. Meus sobrinhos me visitam de vez em quando e fico muito contente quando eles vêm. Gosto daqui, mas sinto muita falta do Rio. Aquela cidade é maravilhosa. Só que o meu sonho agora é ir morar em Aparecida”, comentou e riu em seguida.

Ao contrário de Marluci, Natanael de Lima, 59 anos, nunca planejou morar na instituição, entretanto, vivendo nela há oito anos ele já se conformou com o novo ritmo de vida e não tem perspectivas de sair de lá. Ele sofria constantes ataques epilépticos e acabou sendo levado ao instituto por seu próprio pai, que não tinha condições de cuidar dele. “Minha mãe morreu cedo e meu pai construiu uma nova família, que não me aceitou. Fui trabalhar fazendo bicos, mas por conta da minha doença não continuava nos empregos e ele me trouxe para esse lugar. Não vou dizer que aqui é ruim, mas também não é bom. Como não tenho para onde ir, fico aqui mesmo”, contou.

Para se distrair e esquecer as amarguras, Natanael, que é muito brincalhão, está sempre fazendo piadas com todos que estão a sua volta. A alegria toma conta do seu semblante ao falar que recebe a visita do pai a cada 15 dias. Ele é de Campina Grande e se entusiasma ainda mais quando o assunto na roda de amigos é sobre futebol. Flamenguista doente, ele acabou virando também um torcedor do Campinense.

Fazendo jus à paixão rubro-negra, ele adora vestir camisas com detalhes pretos, vermelhos e brancos. Ancorado por uma bengala, após a entrevista, Natanael sai de cena andando pelos corredores do instituto, equilibrando o corpo e a saudade.

Por entender as carências dos idosos que moram no Instituto São Vicente de Paulo, localizado próximo ao Açude Velho, em Campina Grande, há uma preocupação por parte da diretoria em proporcionar a essas pessoas uma melhor qualidade de vida. Atualmente a instituição está em sua capacidade máxima abrigando 73 idosos, sendo desse total 44 mulheres e 29 homens. Segundo a responsável por cuidar de todos eles, a irmã Joilma Azevêdo, a assistência aos idosos é mantida graças à ajuda da população, que se solidariza e realiza doações periódicas ao instituto.

“A partir do momento que a família, um vizinho ou até mesmo uma determinação judicial coloca algum idoso na responsabilidade da instituição, temos a obrigação de dar o nosso melhor para cuidar deles. Só conseguimos fazer isso porque graças a Deus contamos com pessoas que sempre nos ajudam fazendo doações. Por mais simples que elas sejam, vão ter sempre uma utilidade muito importante para nós”, disse a irmã Joilma Azevêdo.

Reconhecendo a importância da solidariedade, uma empresa que atua em Campina organizou uma campanha para arrecadar cobertores e agasalhos e doar ao Instituto São Vicente de Paulo. “É muito benéfico dedicarmos um pouco do nosso tempo para ajudar outras pessoas. Aprendemos a ser mais humanos e passamos a ter uma nova visão de mundo convivendo com eles”, destacou o supervisor de operações da empresa que organizou a campanha, Neife Júnior, ao falar sobre o gesto de caridade.

A irmã Joilma fala que são iniciativas como essas que permitem que os idosos enfrentem a velhice com mais conforto. A instituição conta com uma equipe de cuidadores, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, médicos, fisioterapeutas e psicólogos que prestam serviços voluntários para atender os idosos. Mas de nada valeria essas doações e cuidados se não houvesse também a troca de afeto. Por esse motivo, a irmã destaca a importância de familiares e desconhecidos reservarem parte do seu tempo para dar um pouco de atenção a eles.

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Jornal da Paraíba

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