Adolescente confessa assassinato de professor e revela motivos

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Dois dos quatro suspeitos de participarem do assassinato do professor de português Valderi Carneiro dos Santos, de 44 anos, resolveram se apresentar à Polícia Civil em Campina Grande na tarde de ontem. Eles foram à delegacia de homicídios e prestaram depoimento à delegada Cassandra Duarte, que está investigando o caso.

Os dois adolescentes de 16 e de 17 anos compareceram acompanhados de familiares e de advogados. Depois de prestar esclarecimentos eles foram liberados, mas a polícia vai pedir a internação dos infratores.

Segundo a delegada Cassandra Duarte, um dos menores confessou o crime mas disse ter agido em legítima defesa.

“A motivação teve relação com homofobia. O adolescente disse que eles estavam acostumados a sair por dinheiro e que nas relações agiam de forma ativa. Ele disse que quando chegou lá a vítima queria ser ativo e eles não quiseram. Então teria acontecido uma discussão e quando perceberam que a vítima estava morta decidiram levar os objetos”, relatou a delegada, acrescentando que vai pedir a internação dos dois menores que foram com o professor até à pousada e praticaram o crime.

O advogado de um dos adolescentes, Gilberto Aureliano, evitou dar detalhes sobre o caso mas adiantou que a versão apresentada difere da realidade. “O que nós podemos dizer é que os fatos ocorreram de forma diferente do que está sendo divulgado pela polícia. Eu não posso fazer qualquer tipo de comentário sobre o procedimento que está em andamento, porque está em segredo de Justiça”, afirmou.

Valderi Carneiro (foto) foi encontrado morto dentro do quarto de uma pousada no Centro de Campina Grande, na manhã do último sábado. Segundo a polícia, ele foi sufocado até a morte e sofreu vários ferimentos pelo rosto e outras partes do corpo, com uma lata de cerveja.

A ação dos acusados, segundo as investigações, teria começado em um bar às margens do Açude Novo, onde a vítima se encontrou com um grupo de jovens e de lá seguiu com dois menores para a pousada.

Além dos dois adolescentes teriam participado do encontro que antecedeu o crime outro adolescente de 15 anos e um jovem de maior idade, que ainda está tendo o nome preservado. Os acusados são de classe média e moradores do bairro Jardim Paulistano. Na residência de um deles os policiais encontraram uma camisa com as mesmas características da utilizada no dia do crime.

As câmeras da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP) do município flagraram parte da ação dos suspeitos, momentos antes do assassinato. O inquérito que apura o caso deverá seguir para a Delegacia da Infância e Juventude, que deverá pedir a internação dos adolescentes.