VIDA URBANA
Médicos ameaçam paralisar atividades
Médicos de especialidades como neurocirurgia e anestesiologia estão insatisfeitos com o valor pago pelo SUS e ameaçam paralisar atendimentos.
Publicado em 26/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 13:49
Insatisfeitos com o valor pago pelos procedimentos através da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), médicos em diversas especialidades estão ameaçando paralisar suas atividades a partir do próximo mês, em hospitais privados de Campina Grande. Alguns já estão faltando aos plantões e a situação pode piorar caso os governos municipal e federal não encontrem uma solução para o problema. O Sindicato dos Hospitais informou que se os atendimentos forem interrompidos, acionará o Ministério Público.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais na cidade e diretor do Hospital Antônio Targino (HAT), José Targino, a insatisfação está crescendo e o problema está piorando cada vez mais. “No caso do HAT, os médicos anestesistas e neurocirurgiões estão ameaçando paralisar suas atividades pelo SUS, a partir de 1º de julho. Eles estão completamente insatisfeitos com os valores pagos pela tabela e, caso isso aconteça, o sindicato deverá acionar o Ministério Público”, contou. Ele informou que no hospital estão credenciados ao serviço sete anestesistas e seis neurocirurgiões, mas o problema pode se estender também à suspensão das cirurgias ortopédicas, já que sem o especialista em anestesia, o procedimento fica inviável.
“Esse problema está acontecendo em todos os hospitais credenciados aos SUS da cidade e nós já realizamos uma reunião com a Secretária Municipal de Saúde, já que o município é o responsável pelo gerenciamento da maioria dos procedimentos do serviço, que prometeu estudar a situação e encontrar um meio de resolver a questão”, contou. No Hospital Amigo da Criança, a Clipsi, profissionais já começaram a abandonar alguns plantões, segundo informações do diretor da unidade, José Marcos de Lima. Conforme disse, além dos obstetras e pediatras, profissionais da Clínica Geral também ameaçam suspender as atividades através do SUS, a partir de julho.
Além da falta de profissionais nessa área aqui na cidade, nós estamos enfrentando esse grave problema que é o desagrado dos profissionais pelo valor dos procedimentos realizados através da tabela SUS. Eu acredito que a secretária e o próprio prefeito estão sensíveis a essa realidade porque a situação já está insuportável”, contou. Ele informou que em plantões normais, trabalham cerca de 10 médicos, em diversas especialidades, mas o número cai para seis, quando há faltas.
Por dia, são cerca de 20 partos e cerca de 250 atendimentos pediátricos, além de 20 adultos e 30 internações. “Com certeza esses atendimentos serão prejudicados”, frisou.
Já no Hospital João XXIII, a direção resolveu mover uma ação, no mês passado, contra a União. Segundo o diretor administrativo, Filipe Gadelha, o hospital não está mais aguentando sustentar a situação. “Aqui os médicos ameaçam paralisar em agosto se nada melhorar, mas o problema está se estendendo a outras áreas da saúde, como Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia e especialmente no setor de Urgência e Emergência”, disse. Na unidade são realizados, ao mês, cerca de três mil procedimentos pelo SUS e 35 médicos estão credenciados ao serviço.
Os diretores também informaram alguns valores da tabela, como: consulta médica, R$ 8; parto cesariana, R$ 600 (sendo que R$ 110 é o valor pago ao médico); parto normal, R$ 400; diária de UTI (infantil e adulto), R$ 460.
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