Mutarelli lança com ajuda de fãs

Autor em evidência no país nos últimos anos nos quadrinhos e na literatura, Lourenço Mutarelli é um dos novos adeptos da via do crowdfunding.

O autor de O Dobro de Cinco e O Cheiro do Ralo – este último virou filme em 2007 estrelado por Selton Mello – conseguiu arrecadar verba para seu próximo projeto graças a contribuições financeiras de fãs no site Catarse.me.

Lourenço Mutarelli - Sketchbooks (R$ 150) é um box com uma seleção de cinco cadernos que trazem insights e desenhos do processo criativo do artista. O projeto é da editora Pop, que pediu R$ 38 mil por 45 dias para viabilizá-lo e obteve mais de R$ 44 mil.

Todo o projeto foi orçado em mais de R$ 90 mil, mas o montante de R$ 38 mil foi suficiente, segundo os editores, para viabilizar a produção cobrindo a fotografia dos sketchbooks (os esboços não foram escaneados para não danificá-los), textos, tradução (será uma edição bilíngue) e o papel para a impressão.

Ainda acompanha o box o sexto volume A Vida com Efeito, com ilustrações e texto do autor, dos editores e introdução de Arnaldo Antunes.

Roger Bassetto e Cezar de Almeida, editores da Pop, tiveram o primeiro contato com os sketchbooks de Mutarelli quando um deles estava sendo escaneado para ilustrar um trabalho para a Companhia das Letras, atual editora do artista.

Empolgados com o material, Bassetto e Almeida conceberam o projeto e tentaram levantar fundos via patrocínio por quase um ano, sem sucesso. "O meu editor até ofereceu o projeto para a Companhia, mas eles disseram que não é o perfil deles. De qualquer forma, eu já havia acertado com a Pop", afirma Mutarelli, que havia experimentado um 'embrião' do projeto quando a Pop convidou ele e outros autores para a coletânea Sketchbooks - As Páginas Desconhecidas do Processo Criativo, lançada em 2010.

Tendo como lema "alimento para mentes criativas", a editora Pop nasceu da experiência de seus fundadores com a livraria e galeria Pop, que funcionou no bairro paulistano de Pinheiros de 2006 a 2010.

"Existe um interesse da editora pelo processo criativo. Reparamos que o nosso mercado não abordava bem isso, enquanto no exterior já tinha sido publicada muita coisa. Faltava isso aqui com artistas brasileiros", define o editor Roger Basseto.

A primeira reação de Mutarelli sobre o crowdfunding foi o ceticismo, pois achava que era um valor muito alto pra arrecadar. Mas o retorno positivo o surpreendeu. "Soube que algumas pessoas tentaram contribuir já depois que a arrecadação foi encerrada no Catarse.me", conta o autor.

Agora o quadrinista demonstra ânimo após essa primeira empreitada financiada por fãs. "Achei maravilhoso e tentador. Tenho muita vontade de lançar coisas mais artesanais neste formato". (Da Folhapress)